Resumo

O jogo é uma atividade histórico-cultural complexa, a qual possui características específicas em cada contexto e grupo social nos quais se manifesta. Nesse sentido, a educação não formal se configura como outra possibilidade educativa, a qual assegura aos educandos serem protagonistas das suas aprendizagens. Desssa maneira, a presente pesquisa, de natureza qualitativa e do tipo descritivo-exploratória, teve como objetivos: conhecer a configuração do jogo no horário livre em uma instituição pública de educação não formal; identificar os conceitos e os sentidos atribuídos ao jogo pelas crianças e pelos educadores; inventariar a cultura lúdica ¿ os espaços, os tempos, os materiais e as manifestações de jogo que se desenvolvem no espaço educativo e descrever os processos de ensino, vivência e aprendizagem do jogo. Utilizou-se como método: oito sessões de observação participante de forma natural, entrevistas semiestruturadas com os educadores, questionário aberto para os pais das crianças e entrevistas-conversa e painel com as crianças. As análises foram feitas pela técnica de Análise de Conteúdo de Bardin e pela triangulação de dados. Participaram da pesquisa 15 crianças entre seis e dez anos, 14 pais/responsáveis pelas crianças e 3 educadores formados em pedagogia. Os resultados culminaram em três estudos: 1 ¿ Os conceitos e os significados do jogo na educação não formal, no qual foram discutidas as concepções e os sentidos do jogo na visão dos educadores e das crianças e o horário livre como ambiente de jogo; 2 ¿ A cultura lúdica na educação não formal, no qual foram discutidas as relações sociais no desenvolvimento da cultura lúdica e o inventário da cultura lúdica e 3 ¿ Os processos de ensino, vivência e aprendizagem do jogo, no qual foram discutidas a pedagogia do jogo, o papel do educador e os saberes compartilhados no jogo. Nesse sentido, a educação não formal, acontecimento educativo que não marca a criança por intervalo de idade, possibilita, por meio das relações interpessoais e da autonomia das crianças, compreendidas como sujeitos sócio-históricos e de direito, que o jogo seja um encontro de culturas. Destarte, as crianças podem escolher suas brincadeiras e seus parceiros, tendo o educador como um mediador dos seus desejos e necessidades, personagem imprescindível no processo de construção e ressignificação dos saberes, gestos e valores do jogo. Posto isso, a pesquisa comprovou que mesmo que o brincar esteja institucionalizado, o horário livre é um ambiente de jogo, as crianças são protagonistas no desenvolvimento da cultura lúdica, forma de expressão de sua subjetividade e representação do saber coletivo, e formam suas comunidades de jogos, demonstrando preferências consonantes com interesses e motivações, idade e gênero, além de se apoiar nas relações de pares. 

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