O Jogo de Tabuleiro Como Prática Educativa Intercultural

Parte de Jogos e Culturas Indígenas: Possibilidades Para a Educação Intercultural na Escola . páginas 21 - 33

Resumo

INTRODUÇÃO 

O Projeto “Jogos Indígenas e Educação: produção de material educativo sobre os jogos dos povos indígenas do Brasil”, financiado pelo Ministério da Educação, em convênio com a UFMT, prevê publicações com o objetivo de produzir materiais didáticos que fomentem uma educação intercultural, tendo por referência a diversidade étnica e cultural dos Povos Indígenas do Brasil. No referido Projeto, está prevista a obra: “Jogos Indígenas: o jogo como prática educativa no contexto da aldeia”, lugar em que o presente texto se localiza (UNEMAT, 2010). 
Este estudo, “Jogo de tabuleiro como prática educativa intercultural”, traz reflexões pontuando pesquisas realizadas com os indígenas Kadiwéu, habitantes no Mato Grosso do Sul. O objetivo do artigo é o de refl etir sobre o percurso sócio-histórico do jogo de tabuleiro, mostrando sua presença entre indígenas no Brasil. Este jogo, como prática pedagógica, pode ser fortalecido rememorando os valores a ele atribuídos em diferentes períodos sócio-históricos, pois a identidade de cada jogo contribui na formação do educando, por recuperar a lógica desses diferentes modos de educar. 
O uso do termo “jogo”, neste trabalho, vem da academia. Entendemos por jogo as atividades com caráter lúdico, realizadas em diferentes situações, organizadas por um sistema de regras que defi nem a perda ou o ganho da disputa, requerendo habilidades específicas, estratégias e/ou sorte. Não dispomos de dados que confirmem essas mesmas compreensões em cada uma das línguas indígenas, portanto, dialogamos a partir desse conceito acadêmico (ROCHA FERREIRA et al., 2005). 
Os procedimentos metodológicos foram assim elaborados: (i) escrita de um percurso literário caracterizando a origem dos jogos de tabuleiro de maneira geral; (ii) realização de um levantamento teórico sobre a presença do jogo de tabuleiro em algumas etnias indígenas brasileiras e, de posse desse referencial, o mesmo foi enriquecido com os (iii) dados empíricos obtidos por mim, entre os indígenas Kadiwéu, no período de 1988 a 2004.

Arquivo