Resumo

O presente estudo objetiva compreender o significado do “se-movimentar” (KUNZ, 2005) representado nas “brincadeiras de luta” (JONES, 2004; SMITH, 1992), vivenciadas por crianças de uma escola pública da cidade de São Luís do Maranhão – Brasil. Tem como base epistemológica a fenomenologia, em especial o pensamento de Merleau-Ponty (1996), através do qual se compreende o “corpo como condição primeira de ‘estar-no-mundo’“. Constituiu-se em um trabalho de campo, de orientação etnográfica, desenvolvido com alunos de quatro turmas do 2º ao 5º ano, dos quais parte significativa já havia participado de episódios de brincadeiras de luta. Foram utilizadas técnicas de observação, conversas informais e a composição de um diário de campo, além da realização de desenhos que dispõem de informações que vão além do próprio desenho em si, povoando os interstícios entre o produtor dos sentidos e aquilo que busca ser significado. A base de investigação gira em torno de quatro episódios de brincadeiras de luta que ocorreram de forma espontânea na escola. Identificamos perspectivas diferentes de brincar de luta, muitas delas trazendo de forma subsumida conteúdos veiculados às mídias, temáticas relacionadas às discussões de gênero, bem como roteiros de violência ilustrados pelo contexto das comunidades do entorno da escola. Conquanto, o lúdico se manifesta de forma preponderante na fala das crianças, coexistindo com atos de agressividade intencionais ou não, vivenciados e reinventados na experiência infantil.

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