Resumo

~~Desde o período colonial já se praticavam algumas formas de atividades físicas em Maranhão. Em 1678, quando da chegada do primeiro bispo ao Maranhão, houve cavalhadas. Essas atividades - desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas - eram produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas

Integra

~~Desde o período colonial já se praticavam algumas formas de atividades físicas em Maranhão. Em 1678, quando da chegada do primeiro bispo ao Maranhão, houve cavalhadas. Essas atividades - desfile a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas - eram produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989  ). 
Essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas  das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO, 1974  ).
Já no século XIX foram encontradas outras formas de atividades físicas praticadas naquele início de século, como as caminhadas pelos aprazíveis sítios espalhados pela Ilha: 
“... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos.” (DUNSHEE DE ABRANCHES, 1970  , p. 28).

Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor   -, que tinha paixão por esse esporte: "e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas". Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote   - era
 “... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes.  Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda.”(DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 28)

Os longos passeios pelos arrabaldes permitiam o contato com o ar livre e com a natureza, e se constituíam forma de divertimento salutar, pois reúnem harmoniosamente a solução quanto ao medo de doenças que impedia a vida laboriosa, por um lado, e o medo da crítica que a rígida moral implicava, por outro. Às mulheres, recomendavam-se, sobretudo os exercícios do corpo que obrigavam a andar ao ar livre, como os passeios a pé ou a cavalo.
Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe lembrar que praticava também, tênis:
“... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla   de que o Fidalgote era perfeito campeão...” (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 31).

Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella  para ambos os sexos.
Outro escritor maranhense - Aluísio Azevedo  -, ao traçar o perfil da mulher maranhense, e sua condição de mulher em uma sociedade escravocrata, pregava mudanças em sua educação, sendo necessário dar-lhe uma educação sólida e moderna, uma:
“... educação positivista, que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente, prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma boa cidadã; torná-la consciente de seus deveres domésticos e sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a diásteses nervosa como fonte de  mil desgraças, dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar... “. 

Ainda DUNSHE DE ABRANCHES (1941  ), em suas memórias, ao falar do Clube dos Mortos, informa que este se reunia no porão da casa dos seus pais e como não era assoalhado nem revestido de ladrilhos, "os meus paes alli instalaram apparelhos de gymnastica e de força para exercícios physicos" (p. 187).
Antes de iniciado o futebol, o tênis, o atletismo, o crickt, na primeira década do século XX, outras atividades faziam parte do divertimento da mocidade, sendo difundida a capoeira, o hipodrismo, a esgrimagem, o bilhar e houve algumas tentativas para a implantação das regatas.
Dejard MARTINS (1989  ) considera a capoeira como o primeiro esporte praticado em Maranhão, tendo encontrado referência à sua prática  com cunho competitivo por volta de 1877, quando o público tomou conhecimento de um acontecimento esportivo realizado a 10 de janeiro, através do Diário do Maranhão:
JOGO DA CAPOEIRA- "Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeira, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes".] 

Esse autor considera que tenha sido praticado antes, trazida pelos escravos bandu-angoleses, o que é confirmado por Domingos VIEIRA FILHO (1971  ), que, ao traçar a história da Rua dos Apicuns, dá-nos notícias de ser local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:
"A esse respeito em 1855 um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever... ' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís." (VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).

No famoso Canto-Pequeno, situado na rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, também era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. VIEIRA FILHO (1971) afirma que ali, alguns domingos antes do carnaval costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de em 1863 um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato.
A capoeira foi duramente reprimida quando da Proclamação da República, pois no Código Penal Brasileiro - Decreto no. 487, de 11 de outubro de 1890, em seu capítulo XII, artigo 402, era tratado da ação dos 'vadios' e 'capoeiras. Já a burguesia, praticava a ginástica sueca   para manter-se em forma. 
Já o "hipodrismo" é identificado por Dejard Martins como um esporte praticado em recinto fechado, apropriado para corridos a cavalo, conduzidos ou de carros puxados por esses animais. O hipodrismo - turfe - começou em São Luís por iniciativa do inglês Septimus Summer, contando com a adesão de várias figuras representativas da cidade: Franklin Antônio de Abreu, Raimundo Coelho da Cunha Mateus, Joaquim Ribeiro, Manoel Jansen Pereira, Adriano Archer da Silva, e Cândido César da Silva Rios, que resolveram criar um hipódromo, fundando o "Horses Race's Club" - Clube dos Cavalos de Raça -, advindo daí o "Racing Club Maranhense". Localizado no antigo Campo do Ourique, o terreno era espaçoso e apropriado, com o Quartel do 5º Batalhão de Infantaria à sua frente. Foi fundado em 4 de setembro de 1881, com grandes festividades.
Na passagem do século XIX para o século XX, os jovens portadores de "idéias novas", gente vinda do meio metropolitano, inquieta e formada nele (KOWALSKI, 2000  ). Em Maranhão, encontramos Nhosinho Santos - que estudara na Inglaterra; Aluísio Azevedo - cônsul brasileiro em Europa, Japão, e o cônsul inglês Charles Clissold - que introduzem o esporte moderno em São Luís, com a fundação de clubes esportivos.
Em 1900, os "sportmen" maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva - remo -, utilizando-se dos rios Anil e Bacanga. Alexandre Collares Moreira Nina funda o "Clube de Regatas Maranhense", instalado na rua do Sol, 36. Manoel Moreira Nina foi seu primeiro presidente. Essa iniciativa também foi efêmera. Os primeiros passos foram dados, para colocar as coisas no rumo certo, mas faltaram recursos para aquisição das embarcações apropriadas e também faltou apoio do comércio e das autoridades constituídas.
A 13 de setembro de 1908 - oito anos mais tarde - voltou-se a falar na implantação do remo, chegando a ser organizada uma competição, envolvendo duas equipes que guarneciam os escaleres "Pery" e "Continental". Essas atividades, realizadas no rio Anil, começam a se tornar hábito das manhãs de Domingo e feriados, contando com uma boa afluência de público.
Ainda nesse ano de 1900, outra modalidade começa a ganhar força em Maranhão: a 02 de setembro, eram iniciadas as atividades da "União Velocipédica Maranhense", com seu velódromo instalado no Tívoli - Bairro dos Remédios, no local onde era o Colégio de São Luís, até pouco tempo -. O ciclismo, que se iniciava em São Luís, era, além de lazer:
“... um esplêndido exercício na educação dos músculos; a ginástica e a esgrimagem, um meio excepcional para desenvolver todo o corpo de forma racional e completa. Tudo isso era muito importante, e até era um princípio filosófico, porque ensejaria a formação do um corpo bem desenvolvido, proporcional e harmonioso.
"Para isso, antes de dedicar-se a qualquer gênero de esporte, dever-se-ia procurar educar e desenvolver, por meio de um método de ginástica racional, de um prepara preliminar metódico, os músculos, de cuja rapidez, pujança, resistência e rigidez, um bom atleta não podia prescindir...". (MARTINS, 1989, p. 229-30).

Passada essa primeira fase e o apego à difusão do "esporte do pedal", a bicicleta, deixou de ser utilizada para a competição, tornando-se uma forma de lazer, pois possuir uma “máquina" era tarefa afeita às pessoas de boa situação econômica. Em 1929, eclodiu novo movimento renovador de uso da bicicleta em competição, sob a responsabilidade dos esportistas Zairi Moreira, Carlos Cunha e Menandro Gonçalves, com a criação do "Velo Club". Chegaram a promover alguns treinamentos, inscreveram associados, e promoveram algumas provas isoladas, como a corrida de 7 de setembro de 1929, como parte das comemorações da Independência.
 De acordo com MARTINS, só se voltou a tomar conhecimento do uso da bicicleta como esporte de competição, com o Ciclo Moto Clube de São Luís.
Embora MARTINS (1989) refira-se que o jogo do bilhar tenha sido introduzido em 1902, por Lino Moreira em seu Bar Richie, Dunshee de ABRANCHES (1941), lembra em suas memórias que o Velho Figueiredo, o decano dos fígaros de São Luís, mantinha em sua barbearia - a princípio na rua Formosa e depois mudada para o Largo do Carmo - um bilhar, onde se reuniam os "meninos do Liceu" depois das aulas.
Antes disso, e desde 1836, na botica do padre Tezinho, no largo do Carmo, já havia um bilhar francês (VIEIRA FILHO, 1971). A botica do padre Tezinho de há muito funcionava em São Luís. Garcia de ABRANCHES (1980  ) anunciava, em 1826,  que os números anteriores de "O Censor" poderiam ser adquiridos naquele estabelecimento.
DUNSHE DE ABRANCHES (1970) em seu festejado “a Setembrada” refere-se à Botica desse Padre, relatando as reunião que ocorriam - como era de hábito - à porta dessa botica, como a ocorrida na noite de seis de setembro de 1822.
É o Censor   - Garcia de Abranches - que relata a existência de outro bilhar, quando de um passeio por São Luís do Maranhão, ao retornar do exílio a que fora submetido:
“Depois de examinar outros edifícios novos e bem formados, também de puças, que aquella praça goarnecem; voltei pela praia grande, e quaze o fundo da calçada divizei noutra rua sobre o lado esquerdo huma formoza caza de cantaria fina com uma larga baranda na frente em mea lua ao gosto da Corte, que me dissero ser de Faustino Antônio da Rocha, e que havia ganhado o jogo aquelle chão a hum herdeiro lá das Perguiças, o que  eu não pude crer; e que ainda conservava hum bilhar e hum botequim de que elle se não desprezava, por não ser tolo, e que também era puça, e que não uzava de vara e covado por pertencer á classe de liquidos..." . 

Em dezembro de 1904, era fundado, em São Luís, o Clube Euterpe Maranhense, funcionando, a princípio no Palacete que pertenceu ao comendador Leite - pai de Benedito Leite -, na Rua Formosa - onde por muitos anos funcionou a redação de "O Imparcial". Idealizado por um grupo de jovens de nossa melhor sociedade, tinha como dirigente máximo Paulino Lopes de Sousa, contando, ainda, com a participação de Altino Quarto de Mourão Rego (sic), Orfila Machado Cavalcanti, Pedro Leão Viana e Joaquim Alves Júnior. Como esporte, jogava-se o bilhar, pois o clube dispunha de um magnífico salão de recreação, com os apetrechos adquiridos na França. Realizavam-se torneios, que monopolizavam a juventude, destacando-se os irmãos Artur e Adolfo Paraíso, João Neves.
 O "Café Richie" se constituiu em outro centro de difusão do bilhar, o que justifica a existência de "bons de taco" nos clubes depois fundados. Localizado no Largo do Carmo esquina com o Beco da Pacotilha, Lino Moreira, seu proprietário - cunhado do governador Newton de Barros Belo - promovia reuniões de caráter esportivo, sempre com início às 18 horas, estendendo-se até às 22.
Nesse início da década de 10, desaparece o hábito de repousar nos fins de semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. Essas atividades, divulgadas pelos jornais, começaria a apresentar seus primeiros sinais de mudança ainda nas últimas décadas do século XIX, com o surgimento e fortalecimento gradual dos esportes:
"É nessa conjuntura que adquirem um efeito sinergético, que compõem uma rede interativa de experiências centrais no contexto social e cultural, como fonte de uma nova identidade e de um novo estilo de vida
"Os 'Clubs' que centralizam essas atividades surgem como modelos da elite no final do século XIX, e já no final da década de 10 e início de 20, estão difundidos pelos bairros, periferia, várzeas e se tornam um desdobramento natural das próprias reuniões sociais". (KOWALSKI, 2000, p. 391). 

Em 1907, JOAQUIM MOREIRA ALVES DOS SANTOS - Nhozinho Santos - introduz o futebol no Maranhão   juntamente com outras modalidades esportivas. A primeira partida é "oficialmente" disputada no dia 27 de outubro de 1907, quando da fundação do FABRIL ATHLETIC CLUB:
 Nhozinho Santos, quando de seu regresso da Inglaterra, em 1905 trouxe em sua bagagem apetrechos para a prática de várias modalidades esportivas, por ele implantada em Maranhão, destacando-se o "foot-ball association", o "cricket", o "crockt", o atletismo, o tênis...
 O "cricket" era um esporte muito popular na Inglaterra, e já era conhecido no Brasil, promovido que era pelo Rio Cricket Club. No Maranhão, quando da fundação do Fabril Athletic Club, foi construído um campo, sendo praticado por Nhozinho e seus amigos da colônia britânica, aqui domiciliados. Ao que consta, sua prática não ultrapassou as cercas do FAC.
Como aconteceu com as outras modalidades implantadas no Fabril, haviam duas equipes constituídas, a "Black and White" e a "Red and White", observando-se que além dos ingleses residentes na Ilha, a jovem elite maranhense - muitos deles educados na Europa, Inglaterra em particular -, também aderiam à essa prática esportiva.
Verificamos a similaridade com outros países latino-americanos - e outras regiões brasileiras -, quando da inauguração do Fabril Athletic Club. O então presidente da Província - Bendito Leite - ante o espetáculo proporcionado lamentou não poder manter nas escolas públicas o ensino regular da ginástica...
A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende de anúncios publicados nos jornais.
O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época:
"CURSO ANEXO
"Foi este o resultado dos exames de hontem:
"GYMNÁSTICA
“Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10
"Faltaram 12".  

Em outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira"  .
No dia 26 de dezembro de 1907, é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas:
"Aprendizes Marinheiros:
"Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola.
"Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço.
"Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". 

O Euterpe também passou a difundir outras atividades esportivas, como o "tiro ao alvo", tênis, o tênis de mesa (ping-pong), etc. Em 31 de dezembro de 1910, o Euterpe fechou as portas, com seus antigos associados fundando, em seguida - 1911 - o Casino Maranhense, que continuou com a promoção de festas dançantes, palestras e as competições de  bilhar e do tênis de mesa (ping-pong).
Em uma das reformas dos estatutos do FAC, é incluído o manejo de armas - prática do tiro - entre suas atividades, com o fim de prestar um serviço às juventude, valendo-se da Lei do Sorteio Militar. Com a ajuda do então tenente Luso Torres, foi fundada uma seção de Instrução Militar, a fim de preparar os sócios que nela quisesse tomar parte e gozar dos favores da referida lei. Talvez para se beneficiar dessa Lei, e livrar os jovens da elite maranhense da instrução militar, o Tiro Maranhense informava que já chegava a 120 o número de pessoas inscritas naquela Sociedade.
Nhozinho Santos consegue a inscrição de "seu" clube na Confederação Brasileira de Tiro, ao mesmo tempo em que implanta o "jiu-jitsu", com um grande número de adeptos.
As jornadas esportivas promovidas pelas diversas agremiações já então existentes não se limitavam à prática do "foot-ball association", apenas:
"Fabril Club
"Esteve brilhante a partida realizada hontem. Além de inúmeras famílias e cavalheiros, compareceram à festa a Escola de Aprendizes Marinheiros, que sob o comando de seu hábil instructor Sr. David Santos realisou exercícios de fogo e esgrima de baioneta.
"Foi este o esplendido programa cumprido à risca:
"Os jogos realisados foram os seguintes:
"1.- Corrida com ovos em colheres pelos sócios J. Mário, J. Moon, A. Vieira, J. Shipton, sendo vencedor A. Vieira.
"2.- Corrida para enfiar agulhas executadas por C. Neves, J. Mário, A. Santos e A. Azevedo, sendo vencedor C. Neves e seguido por J. Mário.
"3.- Exercício de fogo, bayoneta e esgrima pela Escola de Aprendizes Marinheiros.
"4.- Crors Cutrey (cross-country) - corrida pedestre com obstáculos por J. Mário, J. Moon, C. Neves, A. Vieira, A. Novaes, J. Shipton, J. Bastos, M. Neves, sendo vencedor J. Mário, seguido muito de perto J. Moon em terceiro logar A. Novaes, C. Neves.
"5.- Match de Foot-Ball infantil havendo resultado negativo, por se acharem organizados os teams com força igual. Tomaram parte as seguintes creanças: team Bladi & Whate: Fausto Seabra, José Seabra, Frederico Perdigão, José Lopes, Celso C. Rodrigues, Sylvio Rego, Ruy C. Rodrigues, Antônio Rego, Antônio Santos, José M. Lobo, Lúcio Bauerfeldt.
"Team Red & White: João Peixoto, Braulio Seabra, Luiz Santos, Pedro Paulo R. Araújo, Ivar C. Rodrigues, Acyr Marques, Carlos Perdigão, Gastão Vieira, Justo M. Pereira, Celso Pereira, José Vieira. Servio de Refere M. Shipton". 

A participação de estudantes - da Escola de Aprendizes Marinheiros - e de crianças - filhos dos sócios -, dos diversos clubes constituídos, não só para a prática do "foot-ball association", caso do Fabril e do Maranhense, e mais tarde, do Onze Maranhense, era comum, nas jornadas que se seguiam. Em um programa de uma "matineé sportiva", na sede do F.A.C., reunindo os "Team Riachuello" - "Estrella Preta" - e o "Team Humaitá" - "Estrella Branca"-, ambos da Escola de Aprendizes Marinheiros, seguida de outros jogos, como o Concurso gaiato, sendo concorrentes: A. Novaes, J. Santos Sobrinho, A. Azevedo, A. Vieira; já o Concurso gaiato infantil seria disputado por: Ivar, Luiz, Celso, Bráulio, Soeiro Filho; para a quarta prova do programa, Concurso de Agilidade, estavam inscritos: Franklin, Zuza, Maneco Neves, Gui e Aluísio. Para o "match foot-ball", entre o FAC e o Maranhense, estavam inscritos:
F. A. Club M. Foot-ball Club
J. A. Santos A. Santos
A. Azevedo - J. Bastos J. Torres - J. Ferreira
J. Santos - M. Mathias - A. Gandra -  E. Souza - R. Nunes - B. Queiroz -
M. Santos A. Vieira - C. Neves - A. Novaes - J. Mário A. Lobão - A. Guterrez - A. Silva - J. Gomes - I. Meireles
- J. Belchior - R. Serra Martins                         - J. Santos - M. Amorim
Captain - C. Neves                                           Captain - A. Silva
Referee - J. M. A. Santos
 
após a partida de futebol, seria realizada a "Tug of War" (cabo de guerra), inscritos: Fausto - Antoninho - Ruy - Zeca - Carlos Alberto - Soeiro Filho - Gastão - Yoyô - Lady - Lúcio - José - Adolpho Salles. 
Aqueles "concursos gaiatos", em que participaram os "sportemen" ludovicences, a elite econômica e intelectual da Atenas brasileira, se constituíam:  vestir bonecas - para adultos -, saindo vencedor Anthero Novaes e J. Santos Sobrinho; o concurso infantil - enfiar agulha - foi vencido pelo menino Soeiro Filho, enquanto o concurso de agilidade consistiu de abrir garrafas de cola e beber o conteúdo, obtendo o primeiro lugar Manuel Neves.
Parte da imprensa continuava a criticar a prática do futebol pela juventude maranhense, chegando a anunciar que o futebol seria proibido nos Estados Unidos: "A equipe de 'foot-ball' do 'Harward" registrou trinta e cinco casos cirúrgicos sobre sessenta e cinco jogadores. “Razão por que se pensa, na América, em proibir" (MARTINS, 1989, p. 313-315) -. Nhozinho Santos já vinha rebatendo essas notícias, afirmando que se estava confundindo o "foot-ball association" com o "foot-ball americano".
Em 1910, Miguel Hoerhan começa a prestar à mocidade ludovicence seus serviços como professor de Educação Física da Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, em diversas escolas estaduais e municipais. Funda o Club Ginástico Maranhense.   
Também em 1910, é inaugurada a Escola de Aprendizes Artífices - CEFET-MA, hoje -, instalada na Praça da República (prédio ocupado, hoje, pelo Ministério da Agricultura). Escola profissional, tinha como mestres: Almir Augusto Valente, Vicente Ferreira Maia, Hermelina de Souza Martins, Cesário dos Santos Véras, Alberto Estavam dos Reis, Alexandre Gonçalves Véras, Eduardo Souza Marques e Nestor do Espírito Santo. Como não poderia deixar de ser, entre seus alunos havia grande interesse pelas práticas esportivas, e dentre, elas, pelo futebol. 
É ainda nesse ano de 1910 que o esporte em Maranhão experimenta mais uma de suas inúmeras crises, surgidas com o descontentamento de alguns associados do FAC, que experimenta uma dessas crises - e não seria a primeira - por causa de problemas financeiros - não só da Fábrica Santa Isabel, mas por falta de pagamento de mensalidades por parte da maioria dos associados. Desses desentendimentos, surgiam novas agremiações, formadas pelos dissidentes
É nesse período que surge nesse cenário o vice-cônsul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande amante dos esportes. Se junta aos dirigentes do FAC, incentivando a prática de vários esportes. Muitos jovens tinham feitos suas inscrições, com o clube revivendo seus grandes dias e sendo oferecidas várias modalidades, como salto em altura simples, com vara, distância; corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos; lançamento de peso, de disco, do martelo; placekick (pontapé na bola, colocando-a na maior distância); cricket; crockt; ping-pong (Tênis de mesa); bilhar; luta de tração, etc. Mas esse clube estava aberto apenas para os filhos da aristocracia maranhense.
A população, de um modo geral, não participava dessas atividades. Gentil Braga não concordava com a elitização dos clubes e sai do FAC, junto com um grupo de outros onze dissidentes, que comungavam do mesmo pensamento:
"foi, sem qualquer sombra de dúvida, Gentil Silva o responsável pela popularização do futebol em terra maranhense, no momento que, deixando as hostes do FAC, achou oportuno desenvolver a prática do apreciado esporte aos olhos do povo, num campo que, de princípio não possuía cercas". (MARTINS, 1989, p. 332)

Funda-se o ONZE MARANHENSE que, além do futebol, desenvolveu outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, ping-pong (tênis de Mesa) e o xadrez.
Segundo Dejard Martins, a efetiva existência do "Onze Maranhense Foot-ball  Club" serviu para despertar o nosso futebol, porque firmar-se-ia a rivalidade entre os dois clubes. Novas dissidências entre o FAC e o próprio Maranhense, viria mais tarde formar o "ESPORTE CLUBE LUSO-BRASILEIRO".
Em 1915, ao mesmo tempo em que era anunciada a criação de um clube para a prática dos esportes,
"UM CLUBE ESPORTIVO
" Fundado um club esportivo - Club Zinho - com o fim de proporcionar aos seus associados diversão como sejam passeios maritimos, pic-nic, exercícios físicos, ginástica pelos processos mais modernos.
"Presidente: Hilton Raul
"Vice presidente: Guilherme Matos". 

proibia-se a brincadeira de empinar papagaios:
"PROIBIDO O BRINQUEDO DE PAPAGAIOS
"O coronel chefe do executivo municipal determinou o cumprimento do art. 149 do Código de Posturas que proibe a brincadeira de papagaios, no perímetro da cidadde, prejudicando as linhas telegráficas e telefônicas em que danificam os telhados". 

Para FRYDENBERG (1999  ), a adoção do esporte estava associada à fundação de clubes. Os jovens sentiam a necessidade de ter um terreno, um espaço próprio, para ser usado como field, como campo de futebol. Assim, o processo de popularização do futebol que se iniciou contou com três ingredientes estreitamente unidos: a iniciação na prática do jogo, a fundação de um clube e a busca de uma cancha própria.
Em Maranhão, estavam envolvidos os alunos do Liceu Maranhense, do Colégio Marista Maranhense e do Instituto Maranhense:
" ... promoveram sessões, usando as próprias salas de aula, estimulados pelos mestres. Graças a essas reuniões, surgiram os quadros do Brasil F. Club, do S. Luís F. Club, do Maranhão Esporte Club, e do Aliança F. Club. Essas entidades, aos poucos, foram agrupando-se, tornando-se clubes. A cada dia, os estudantes melhor se integravam, e para exercitar-se utilizavam o velho 'field' da Fabril, que tinha sido desativado pela FAC. Estávamos com o campo da rua Grande muito mal, mato tomando conta de todas as dependências, inclusive das arquibancadas." (MARTINS, 1989, p. 328).
O F. A. Club é (re) inaugurado - agora, como Foot-Ball Athletic Club. Foi realizado a tradicional soireé, ao som de polkas e valsas, e antes, aconteceu o jogo (match) de foot-ball. As senhoritas presentes vibravam com as jogadas de seus "sportman" favoritos, destacando-se Guilhon, Gallas, Paiva, Anequim, Ribeiro, Cláudio, e Schleback. Ainda ao "Red" coube a vitória da "luta de tração", tendo vencido o grotesco "maçã em água salgada" o Travassos, e Nava a disputa da "quebra potes cheio d'água, com olhos vendados".
Dos chamados "concursos grotescos" - no início das atividades do FAC, em 1907, eram chamados de gaiatos - constava: frutas em água salgada - que deveriam ser tiradas com a boca, ganhando com conseguisse cinco primeiro -; boxe com olhos vendados (disputado em um tempo de cinco minutos; quebrar potes cheios de água com os olhos vendados. Constavam ainda provas de Atletismo, o place-kick (chute à bola) e a luta de tração (cabo de guerra) .
Nas datas importantes, o jogo de futebol aparece como parte das programações, como as comemorações da Batalha do Riachuelo, pela Escola de Aprendizes Marinheiros, quando seriam executadas "Gymnástica Sueca com armas, Gymnástica sueca sem armas, corridas com três pernas, corrida do sacco" e uma partida de futebol, entre os "teams" "Marcílio Dias" e um formado por representantes do F. A. Club. 
Nhozinho Santos, após um longo período no sul do país, retorna a São Luís e é programada uma recepção digna desse "sportman", introdutor do esporte moderno em nossa cidade. O futebol continuava sendo praticado com entusiasmo e vibração, e outras modalidades esportivas desenvolviam-se: tênis, crocket, basquetebol, jogos olímpicos (atletismo), bilhar, boliche, ping-pong (Tênis de Mesa), e outras mais (MARTINS, 1989).
Começa a aparecer na imprensa artigos técnicos sobre futebol. É publicada uma matéria destina "AOS FOOT-BALLERS MARANHENSES"  , em que E. Peake, do Liverpool & W. Z. dão lições sobre o jogo de foot-ball: "quando e como se deve passar". Com a frase "não há interesse para o jogo saber quem fez o 'goal', o essencial é que elle seja feito", em artigo de página inteira, sob a forma de entrevista, são feitos comentários sobre como jogar o futebol, dando ênfase ao sistema tático do jogo, em que o passe de bola é essencial. O entrevistado refere-se à aparente falta de combinação entre os jogadores, pois os passes são feitos sem qualquer objetivo. O tema do artigo é - como e quando passar. O Sr. Peake dá lições a quem queira jogar, bem, o futebol, discorrendo sobre a função de cada jogador e como aproveitar melhor os passes, com objetivo do gol.
No bairro do Anil, o UBIRAJARA SPORT CLUB, realiza sua festa esportiva de encerramento do ano  , para seus associados. Foram disputadas:
1. Corrida a pé, saindo vencedor Mamede Uta;
2. Corrida com Obstáculos, vencida por Jorge Marinho;
3. Corrida com saco, vencendo-a Mamede Uta;
4. Pulo, vencida por Raymundo Souza
5. O pote, João Nascimento
6. Agulha, Mamede Uta e a senhorita Maria Carramilho.
É noticiada a breve fundação, em nossa capital, do "CLUBE SPORTIVO J. P. MULLER"  , por um grupo de rapazes,
"... adeptos do desenvolvimento physico, uma sociedade para exercícios sportivos que observará rigorosamente as regras do compêndio 'O meu systema" do grande hygienista dinamarquez J. P. Müller".

O esporte em Maranhão se consolida. Além do surgimento de inúmeras outras associações esportivas e de clubes de futebol, inicia-se o intercâmbio com os dois estados vizinhos. Começam as "importações" de jogadores...
Sem dúvidas, o fato mais importante para a consolidação do foot-ball association em Maranhão - e de outras modalidades esportivas, foi o surgimento da Liga Maranhense de Foot-Ball. Um leitor, usando o pseudônimo de "Texas", escreve ao jornal O Estado  , relatando o acontecido, ao mesmo tempo em que fazia um breve histórico da implantação do futebol em São Luís:
"Há um punhado de anos, que já ia longe, ouvia falar de esportes no Maranhão, especialmente do foot-ball, chegando mesmo a crer que ele existisse a esse tempo, mas" ...

Afirma Texas que, se ele - futebol - existisse, era atacado por uma grande debilidade que o impossibilitava de progredir. Projetavam-se alguns matchs entre teams dos dois clubes existentes, mas por um motivo ou outro, não assumia o jogo as excelentes projeções que criavam. "Texas" condenava os despeitados que diziam, boa a boca, que "
"... o futebol era um jogo bruto e que não merecia ser cultivado com tamanho afinco, por uma quantidade regular de moços patrícios".

Viam um jogo bruto porque uma pequena parcela de rapazes metiam-se a executa-lo sem método algum, cometendo as maiores extravagâncias e daí sofrendo as conseqüências desagradáveis. Mas, por que isso ? - perguntava-se. Os únicos culpados era esses mesmos rapazes, que se entregavam ao esporte sem uma regra sequer que os guiasse.
"Passada essa temporada de desânimo, surgiu entre nós, com grandes surpresas, assentado em bases sólidas um excelente clube esportivo",

que, transpondo todas as barreiras que haviam sido edificadas para embaraçar os passos do foot-ball começou logo "arrebanhar para o seu sítio uma porção de rapazes dispostos a trocar e a desenvolver o sensacional jogo".
"D'hai existir a temporada sportiva maranhense, cujo pavilhão foi valentemente desfraldada pelo F. A. Club, que ainda vive, são e forte"   

com os maranhenses começando a compreender o verdadeiro desenvolvimento "não só o intelecto, mas também o físico, através da prática do esporte", o futebol começa a servir como o elemento aglutinador da juventude. Os clubes começam a surgir, tornando-se cada vez mais chic e atraindo a atenção das senhoritas. O foot-ball deixava de ser uma coisa bruta. O Maranhão contava já com nove clubes constituídos oficialmente.
"Mas faltava ainda uma medida alta que merecia ser posta em prática, com urgência, para que o desenvolvimento do jogo bretão, aqui, fosse mais além. E essa medida não se fez por esperar muito. Não se fez esperar muito, afirmam, porque ahí a temos, unificando, num grande abraço maternal, todos os clubes locais que lhe são filiados: - a Liga Maranhense de Foot-Ball".

~~  Publicado em LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES, v. 37, junho de 2001; disponível em www.efdeportes.com
  GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre : D.C. Luzzatto,  1989.
  LYRA FILHO, João. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DOS DESPORTOS. 3ª ed. Rio de Janeiro : Bloch, 1974.
  ABRANCHES, Dunshe de A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM  MARANHÃO -  romance histórico. Rio de Janeiro : Jornal do Brasil, 1970
  JOÃO ANTÔNIO GARCIA DE ABRANCHES - Garcia de Abranches, o Censor - nasceu em 31 de janeiro de 1769, em Macieira, freguesia de Sant'Iago, junto à vila de Cêa, bispado de Coimbra, em Portugal.  É filho do Capitão José Garcia de Abranches e de D. Maria dos Reys. Seu apelido - Censor -  deve-se ao jornal que escrevia, o Censor, no período de 1825 a 1830, em defesa das liberdades, da Independência e do Imperador, fazendo oposição ao jornal de  Odorico Mendes; e ao Lord Cochrane, o que lhe valeu o exílio para Portugal, onde se bateu pela restauração de D. Pedro ao trono português. Garcia de Abranches aportou a São Luís do Maranhão em 1789, construindo fama e fortuna, embora procedesse de uma das maiores famílias portuguesas. De seu casamento com D. Anna Victorina Ottoni, falecida em 1806, nasceram-lhe três filhos: Frederico Magno de Abranches ; João e Antônio, estes dois, falecidos antes de 1812. O primeiro, conhecido como 'O Fidalgote', teve vida longa, representando papel importante na política e no jornalismo. Garcia de Abranches, aos 52 anos, casa-se com a fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, com 17 anos à época. Foi a fundadora do primeiro colégio destinado ao sexo feminino em Maranhão - o Colégio Nossa Senhora das Graças, mais conhecido como o Colégio das Abranches - junto com suas filhas, Amância Leonor, Martinha Maria da Glória e Raymunda Emília, em 1844. Foi - ela, ou uma das filhas, ou todas - a primeira professora de educação física do Brasil   .
VAZ e VAZ (2000) relatam que desde 1844 - quando foi fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís -, as atividades físicas faziam parte do currículo: "...não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo  physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam  servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e  aprendiam a declamar." .
Esse colégio - o "Collegio das Abranches", como era conhecido o Collégio N. S. da Glória -, fora fundado pelas tias de Dunshee de Abranches, D. Marta (Martinha) Alonso Veado Alvarez de Castro Abranches (mulher de Garcia de Abranches, o Censor), educadora espanhola nascida nas Astúrias provavelmente por volta de 1800 - e pela sua filha, D. Amância Leonor de Castro Abranches, e tinha , ainda, como  professora, D. Emília Pinto Magalhães Branco, mãe dos escritores Aluízio, Artur e Américo de Azevedo. É neste colégio que Aluízio de Azevedo faz seus preparatórios para o Liceu Maranhense. Embora escola feminina, aceitava meninos para os preparatório.
  FREDERICO MAGNO DE ABRANCHES, o Fidalgote, nasceu em São Luís do Maranhão em 1804; professor de Phylophofia Racional; Secretário da província do Maranhão; deputado geral de 1835 a 1838; Cônsul geral em Cayenna, onde veio a falecer em 1880.
  O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.]
  ALUÍSIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO, nasceu em 14 de abril de 1857 em São Luís do Maranhão. Em sua infância e adolescência foi caixeiro e guarda-livros, demonstrando grande interesse pelo desenho. Torna-se caricaturista, colaborando em “O Fígaro”, “O Mequetrefe”, “Zig-Zag” e “A Semana Ilustrada”, jornais do Rio de Janeiro. Obrigado a retornar ao Maranhão, em 1878, pela morte do pai, abandona a carreira de caricaturista e inicia a do escritor. Publica em 1879 “Uma lágrima de mulher”. Com a publicação de “O Mulato”, em 1881, introduz o Naturismo no Brasil. Publica, ainda : Memórias de um condenado (1882); Mistério da Tijuca (1882); Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884); O Homem (1887); O Coruja (1990); O Cortiço (1890); Demônios (1893);  A Mortalha de Alzira (1894); Livro de Uma sogra (1895). Em 1895, abandona a carreira de escritor e torna-se diplomata.
  Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880.
 JOÃO DUNSHE DE ABRANCHES MOURA nasceu em 02 de setembro de 1867,  à rua do Sol, 141, em São Luís do Maranhão. Advogado, polimista, historiador, sociólogo, crítico, romancista, poeta, jornalista, parlamentar e internacionalista. Dentre seus escritos, destaca-se a trilogia constituída pelo  “A Setembrada”, “O Captiveiro”, e “A Esfinge do Grajaú”. Em “A Setembrada”, escrita sobre a forma de romance histórico, relata de forma viva e humana a face maranhense da Revolução Liberal de 1831. Publicado em 1933, confere uma atuação de primeiro plano a dois ascendentes seus: Garcia de Abranches, seu avô e Frederico Magno de Abranches, seu tio.
  MARTINS, Dejard. ESPORTE - UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís :   SIOGE, 1989.
  MARTINS, 1989, p. 179
  VIEIRA FILHO, Domingos. BREVE HISTÓRIA DAS RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS. 2a. ed. rev. E aum. São  Luís :  (s.e.),  1971.
  GINÁSTICA SUECA - idealizada por Per Henrik Ling, sueco nascido em 15 de novembro de 1776, está dividida em quatro partes, de acordo com os diferentes fins: (a) ginástica pedagógica ou educativa - aplicável às pessoas com o objetivo de assegurar a saúde, evitar a instalação de vícios e defeitos posturais e enfermidades, desenvolvimento normal do indivíduo; (b) ginástica militar - baseada na parte pedagógica, à qual se acrescentam os exercícios caracteristicamente militares, como tiro e esgrima, objetiva preparar o guerreiro para colocar fora de combate o adversário; (c) ginástica médica e ortopédica - ainda baseada na primeira, visa, por intermédio de certos movimentos especiais para cada caso, eliminar vícios ou defeitos posturais e  curar certas enfermidades; (d) ginástica estética - também aproveitando os movimentos da ginástica pedagógica, procura desenvolver harmonicamente o organismo, completada por atividades que emprestam graça e beleza ao corpo, como dança e certos movimentos suaves.
  KOWALSKI, Marizabel. Estilo de vida e futebol. IN CONGRESSO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE, LAZER E DANÇA, VII, Gramado-RS, 29 de maio a 01 de junho de 2.000. COLETÂNEAS .... Porto Alegre : UFRGS, 2.000, p. 390-395
  O CENSOR MARANHENSE, no. 10, sábbado, 25 de fevereiro de 1826.
  ABRANCHES, Garcia de. O CENSOR MARANHENSE 1825-1830. (Edição fac-similar). São Luís : SIOGE, 1980. (Periódico redigido em São Luís de 1825 a 1830, por João Antônio Garcia de Abranches, cognominado "O Censor"; reedição promovida por iniciativa de Jomar Moraes).
  O CENSOR MARANHENSE, no. 2, sábbado, 5 de fevereiro de 1825, p. 29.
  VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em www.efdeportes.com
  O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907
  O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257
  O MARANHÃO, 26 de dezembro de 1907
  O MARANHÃO, Segunda-feira, 08 de junho de 1908
  O MARANHÃO, sabbado, 26 de setembro de 1908

O JORNAL, 05 de maio de 1915
  O JORNAL, 04 de junho de 1915.
  FRYDENBERG, Júlio David. Espacio urbano y practica del futebol, Buenos Aires 1900-1915. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 4, n. 13, 1999. Disponível em www.efdeportes.com.
  O ESTADO, 02 de fevereiro de 1916
  O ESTADO, 10 de junho de 1916.
  O ESTADO, 28 de novembro de 1916
 O ESTADO, 28 de dezembro de 1916
  O ESTADO, 06 de julho de 1917