Resumo

Na história do homem, cada sociedade fez um uso diferenciado do corpo. Mergulhado em características culturais, o ser humano passa ter a sua motricidade. Pelo fato de vivermos em uma sociedade sexista, marcada por padrões segregacionistas, a motricidade humana, por meio de suas condutas motoras, não tem tido a mesma expres?ão manifestada pelos dois sexos. A problemática que originou o presente estudo manifestou-se de inquietações da autora no que tange à sua experiência como professora de Educação Física Infantil, e seu objetivo maior foi identificar como se manifesta o processo de construção do gênero durante as aulas de Educação Física Infantil, em uma escola de gestão pública e em uma escola de gestão particular. Para atingirmos este desígnio, estabelecemos quatro objetivos específicos, a saber: a) investigar como se dão as relações de gênero durante as aulas de Educação Física infantil em uma escola de gestão pública e em uma escola de gestão particular; b) averiguar como as crianças aceitam e vivenciam as atividades físicas diferenciadas para meninos e meninas propostas pelo professor(a) de Educação Física, nas duas realidades sociais estudadas; c) desvelar o discurso dos alunos acerca das questões de gênero durante as aulas de Educação Física, verificando se, em cada uma das realidades estudadas, essas características se dão de maneiras diferenciadas; d) identificar como a classe social se intercruza com gênero nas aulas de Educação Física de crianças da Educação Infantil. A metodologia usada foi o paradigma fenomenológico com caráter etnográfico. Participaram do estudo 19 crianças da Educação Infantil, de ambos os sexos, cursando a Classe de Alfabetização (CA), de uma escola da rede pública e outra escola da rede privada, ambas situadas na Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro. Os instrumentos utilizados foram a observação e a entrevista estruturada. Os dados foram interpretados com base na Análise de Discurso, e apontaram que, na faixa etária estudada, as crianças apresentam um comportamento generificado. Entretanto, os alunos da escola de gestão particular apresentaram esse comportamento de modo mais acentuado, conforme foi percebido pela maior resistência desses alunos em participarem das aulas mistas, pelo domínio masculino do espaço escolar, pelo desprezo ao grupo feminino e pelas atividades estereotipadas em relação ao sexo. COI)c1uímos que a prática pedagógica diferenciada dos dois professores de Educação Física, o da escola particular mais mecanicista e o da escola pública com uma postura mais igualitária, foi um importante reforçador das diferenças encontradas.

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