Resumo

Motivados pelo desejo de vivenciar riscos de forma lúdica, a busca dos indivíduos pela prática de atividades físicas de aventura na natureza para fins esportivos, recreativos, pedagógicos, terapêuticos, dentre outros, tem se intensificado. No que tange à sua utilização para fins pedagógicos, destaca-se a Educação Experiencial pela Aventura em ambientes naturais. Este método compreende uma ferramenta de desenvolvimento cognitivo, social, físico, emocional e moral, que utiliza como recursos educativos os desafios intrínsecos às atividades de aventura na natureza e as experiências seguidas de reflexão. Apesar de este método pedagógico ser objeto de diversas pesquisas nas Ciências do Esporte, o papel do Educador neste contexto ainda é pouco explorado. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, teve por objetivo investigar o papel dos Educadores norteados pela Educação Experiencial pela aventura em ambientes naturais, na promoção da aprendizagem, do desenvolvimento e da segurança dos Educandos. Foi realizada uma pesquisa exploratória, em um curso no formato de expedição na natureza, o qual se baseava no referido método pedagógico. Foram utilizados como instrumentos duas entrevistas semi-estruturadas, uma aplicada aos Educadores e outra, aos Educandos. Dentre os participantes, 2 eram instrutores e 6 alunos, de ambos os sexos, com faixa etária entre 19 e 51 anos e nível de escolaridade superior, completo e incompleto. Os dados obtidos foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo e os aspectos da atuação dos Instrutores, imprescindíveis à promoção da aprendizagem e à manutenção da integridade física e psicológica dos Educandos, foram organizados em 3 categorias: 1-Aspectos técnicos; 2-Aspectos didáticos e 3-Aspectos sociais/emocionais. Na primeira categoria, destacam-se: o domínio de técnicas de resgate, primeiros socorros, análise e manejo de riscos em ambientes naturais, navegação e orientação outdoor, de esportes de aventura e etc. A segunda categoria inclui: propiciar experiências desafiadoras de modo progressivo e proporcional às capacidades dos Educandos, para não colocá-los em perigo; capacitá-los de forma gradual para atuarem no ambiente outdoor; permitir que os Educandos sejam autores do próprio processo de aprendizagem; respeitar os estágios do ciclo de aprendizagem experiencial (vivência, reflexão, generalização e aplicação da experiência); dentre outros. Já a terceira categoria inclui: mediar processos e conflitos grupais e de facilitar a construção de uma rede de apoio social positiva e cooperativa; estimular a autonomia dos Educandos na expedição e, ao mesmo tempo, atuar como porto-seguro, acolhendo-os quando necessário; possuir inteligência emocional para analisar situações e fazer escolhas com prontidão e maturidade e etc. Os resultados desta pesquisa ratificam o potencial do método pedagógico em questão na facilitação do desenvolvimento integral humano e evidenciam que, a atuação profissional, de forma crítica e responsável, é condição sine qua non para que os Educandos possam se desenvolver em segurança. Logo, é imprescindível que os Educadores sejam devidamente capacitados e possuam as habilidades técnicas, didáticas, sociais e emocionais necessárias para atuar neste contexto. Neste sentido, é essencial que a formação e a atuação dos Educadores balisados na Educação Experiencial pela aventura na natureza, bem como, suas implicações na aprendizagem, no desenvolvimento e na segurança dos Educandos, sejam focos de novas pesquisas.

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