Resumo

O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir os mecanismos reflexos proprioceptivos - evidenciados experimentalmente em situações de movimento e de controle postural - por serem inerentes também ao desenvolvimento da força muscular e da flexibilidade. Busca-se elaborar um conjunto de interpretações teóricas, de como tais mecanismos neurais influenciam, diferenciadamente, as principais técnicas de aperfeiçoamento dessas capacidades. Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, elaborada a partir da identificação, localização e compilação dos dados escritos de diversos estudos. Visou-se o aproveitamento e disposição ordenada do conhecimento existente - relacionado ao objeto de estudo - através das técnicas de análise e interpretação, levando-se em conta o pensamento dedutivo, para construir e desenvolver a relação entre as observações e considerações dos trabalhos utilizados. A propriocepção representa a percepção espacial do corpo e de suas partes, em situações dinâmicas e estáticas. Esse sistema inclui basicamente: receptores sensoriais que detectam e sinalizam as deformações mecânicas, nos tecidos muscular e conjuntivo; fibras aferentes, responsáveis pela condução dos impulsos sensoriais até à medula; neurônios distribuidores, localizados em segmentos medulares e supramedulares, que enviam comandos excitatórios e inibitórios; e fibras eferentes, condutoras desses comandos até o músculo. As principais propriedades físicas do músculo, reguladas pelo sistema proprioceptivo, são o comprimento das fibras, a velocidade com que esse tamanho muda e a tensão à qual elas são submetidas. Os fusos musculares respondem pelas duas primeiras propriedades, formando o reflexo de estiramento, que se destina ao controle das mesmas. Por sua vez, os órgãos tendinosos de golgi mediam a tensão muscular através do reflexo tendinoso, também chamado de reflexo de estiramento inverso. No treinamento para desenvolver a força e a flexibilidade, ocorrem inúmeras alterações no estado mecânico do músculo e de tecidos adjacentes e, por conseguinte, no padrão de intensidade e freqüência da atividade dos dois reflexos mencionados acima. Isso acontece, em virtude da exigência funcional dos estímulos físicos, aplicados sistematicamente. Para o aumento da flexibilidade utilizam-se algumas variações de uma técnica denominada alongamento, que pode ser classificada como: passivo, ativo e F.N.P. Com o intuito de maximizar a força, empregam-se métodos que almejam obter níveis de tensão muscular mais altos, em relação àqueles produzidos nas atividades cotidianas. Tais metodologias são conhecidas como treinamento isotônico, treinamento isométrico e treinamento isocinético. Esses dados permitem deduzir que, com o conhecimento a respeito da mediação dos reflexos proprioceptivos, durante as solicitações mecânicas do tecido muscular, a partir da aplicação dos métodos de aperfeiçoamento das capacidades em questão, é possível interferir no processo de INIBiÇÃO REFLEXA do músculo, minimizando-o. Isso possibilita, potencializar ao máximo as respostas adaptativas musculares, em cada circunstância específica.

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