Resumo

Este trabalho contribui com a discussão sobre a importância do jornalismo esportivo no debate sobre a participação de homossexuais masculinos no futebol e o papel dos jornalistas sobre a discussão acerca da homofobia nos estádios em Goiânia, capital de Goiás. A pesquisa se propõe a analisar o posicionamento dos jornalistas sobre a homossexualidade no futebol para compreender até que ponto a atuação desses profissionais pode contribuir para o debate sobre as perseguições no esporte mais disputado do Brasil. Para alcançar essas finalidades, a parte teórica deste trabalho está dividida em três partes, sendo que a primeira se destina a definir uma contextualização sócio-histórica e cultural da posição social ocupada pelos homossexuais no Brasil e em Goiás, avançando para o campo mais específico do futebol local. Nesse sentido, busca-se compreender as origens e o contexto de perseguição da homossexualidade masculina no futebol na tentativa de entender os motivos para uma possível ausência (ou a não aceitação da presença) de homossexuais nessa modalidade esportiva. Na segunda parte, abordam-se as principais características que tornam o futebol uma prática viril, agressiva e masculinizada por alguns grupos de poder das arquibancadas. Além da violência física, trata-se também da violência simbólica que estrutura uma barreira imperceptível de acesso aos homossexuais no futebol. Este capítulo também aborda a condição cidadã desse grupo minoritário no futebol e as condições de acesso aos meios de comunicação como prática da cidadania. Por fim, a terceira parte fala especificamente do jornalismo esportivo, apresentando as principais características, equívocos, critérios de seleção e algumas indicações para o agendamento e o silenciamento de notícias no jornalismo esportivo. Para alcançar esse resultado, foram realizadas 18 entrevistas com jornalistas dos principais veículos do estado (rádio, TV e impresso) que abrem espaço para o esporte. Esse material foi submetido à análise de conteúdo com o objetivo de categorizar as respostas dos profissionais de comunicação. Os resultados apontaram que os jornalistas não consideram o tema importante para a cobertura jornalística por se tratar de um assunto que carece de personagens (notoriedade). Por sua vez, as práticas homofóbicas nas arquibancadas foram classificadas pelos entrevistados como manifestações culturais das torcidas e atos naturais no ambiente esportivo, o que demonstra uma naturalização do preconceito.

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