Resumo

Esta pesquisa se insere no campo de estudos da formação/atuação de professores e tecnologias na educação. Foi orientada em torno da questão: como ocorre o processo de criação/autoria do professor da educação básica no contexto da cibercultura? De modo mais específico, procurou-se compreender as concepções e práticas de autoria do professor no cotidiano da escola; identificar os móbeis internos e externos dos professores para práticas autorais no contexto da cibercultura; compreender o movimento que é gerado na rede de criação do professor, o qual envolve pessoas, objetos e saberes; identificar as apropriações e os sentidos que os professores desenvolvem em seu fazer pedagógico, a partir da interação com as tecnologias digitais online e offline; compreender, no contexto da cibercultura, como se forma o professor para práticas autorais no cotidiano da escola. A concepção de autoria no contexto da cibercultura no cotidiano da escola tomou como base os referenciais teóricos que contribuem para a discussão do professor como autor-criador do seu saber fazer docente, valendo-se do princípio dialógico constituinte do ato da criação. De forma específica baseou-se nos estudos de Cecília Salles referentes ao processo da criação do artista. Como proposta metodológica, o estudo foi conduzido pela pesquisa-formação (Macedo, Santos), com a abordagem da complexidade (Morin) e os pressupostos da pesquisa nos/dos e com os cotidianos (Alves), em diálogo com os estudos da cibercultura (Lévy, Lemos, Primo, Santaella) e formação de professores e uso de tecnologia (Bonilla, Pretto, Silva, Ramal). A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual Carlo Salerio, Itabuna-BA, e contou com a colaboração de três praticantes professoras, selecionadas a partir dos atos de currículo com os usos de tecnologias digitais online e offline, através da participação no Programa Um Computador por Aluno (PROUCA) do governo federal. Na prática da pesquisa-formação, contínua e articuladamente, analisamos as práticas pedagógicas em diferentes espaçostempos da escola, as itinerâncias, as narrativas das praticantes e os documentos de processo. Os resultados alcançados revelaram que diversos e diferentes elementos formam a rede da criação do professor e que a ação docente autônoma e intencionada é fundante para sua autoria. Assim, o professor autor-criador se constrói na experiência, nas decisões, nas práticas e nos saberes refletidos de forma crítica e questionadora. Parte da criação dos professores está em seus escritórios, pessoais ou coletivos, seja em ambientes físicos ou virtuais. No processo há móbeis internos e externos que os impulsionam para inovações em suas práticas. Por outro lado, é preciso implementar políticas de formação em contexto que considere os condicionantes e recursos que determinam as ações no cotidiano da escola e as situações de trabalho vividas pelos professores. O estudo é finalizado com o convite para se criar no contexto/cotidiano da escola redes líquidas de colaboração e que estas potencializem/transformem, à luz dos princípios da cibercultura, os espaços tempos da escola, em espaços de formação permanente de professores, alunos, pais, gestores e de todos os demais que se aventuram ao ato de ensinar e de aprender.

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