Resumo

Neste artigo procuramos identificar um fenômeno discursivo emergente na cidade de São Paulo: o cicloativismo, que passa de um emaranhado de vozes desconexas a uma “fala articulada” no campo de embates sobre os sentidos da mobilidade urbana. O cicloativista constitui-se em uma nova posição de sujeito na medida em que abre um antagonismo ao discurso estabilizado em torno da hegemonia do transporte individual motorizado. O artigo se desdobra em quatro partes: a) uma descrição da cidade voltada ao automóvel como horizonte semanticamente normal; b) a categorização da política como processo de articulação de “falas”, nos termos de Rancière; c) a análise discursiva de peças comunicacionais veiculadas em websites especializados em ciclomobilidade; d) considerações sobre um processo de reabsorção parcial da atividade ciclística nas cadeias de equivalência simbólica do liberal-capitalismo. 

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