Resumo

É frequente verificar na literatura a referência a casos de ex-atletas que experienciaram muitas dificuldades na transição e na vida pós-carreira. Mas será que a retirada desportiva leva sempre a casos negativos? Na verdade, o objetivo deste trabalho foi analisar um caso de sucesso de retirada desportiva, recorrendo para o efeito ao Modelo Desenvolvimentista (Wylleman & Lavallee, 2004). Para tal, realizou-se uma entrevista semiestruturada a uma ex-atleta brasileira de natação (40 anos na altura; 28 de carreira competitiva, 20 deles integrando a seleção brasileira), participante em 3 Olimpíadas (2000, 2008 e 2012), 12 campeonatos mundiais (1995 a 2012), medalhista em 4 Jogos Pan-americanos (1995, 1999, 2007 e 2011), 6 títulos em campeonatos Sul-americanos e 110 em campeonatos brasileiros; para além de recordista sul-americana em 4 provas. A análise dos dados evidenciou que a sua vida desportiva e extra-desportiva foi pautada por muita disciplina, planejamento e organização, realizando um curso superior com 23 anos e iniciando uma atividade laboral paralela com 28 anos e beneficiando de irrestrito apoio de uma família estruturada. Esta atleta retirou-se no auge, sem lesões e voluntariamente, com a principal intenção de ter filho, optando por realizar um gradual destreinamento e participando de programas de ajuda para tal. Em suma, este caso constitui-se como um exemplo de transição positiva, com a atleta a não se deixar iludir pela sua notoriedade e a construir paulatinamente a sua autonomia, o que lhe permitiu desfrutar dos momentos finais da sua carreira e manter uma boa relação e gratidão ao desporto.

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