Resumo

Esta dissertação apresenta pesquisa sobre o treinamento do ator, seus objetivos, métodos e procedimentos, bem como suas possibilidades e limites. Seu objeto foi o treinamento em dança clássica indiana Orissi no Teatro Tascabile di Bergamo (TTB) da Itália, com a guru Aloka Panikar (Índia), e no Teatro Diadokai (Brasil), além da interface desse treinamento com o método somático GDS de cadeias musculares e articulares, na experiência profissional da pesquisadora. Realizou-se revisão bibliográfica permeada por fontes de registro de memória, por intermédio de uma seleção dos Cadernos de trabalho e Diários de viagem da autora, dos anos 1985 até 2014. O entrelaçamento de estudos teóricos do objeto com experiências vividas, possibilitou levantar as seguinte hipóteses: 1) o treinamento pode ampliar as capacidades expressivas do ator, pela superação de limites psicofísicos; 2) o treinamento pode comprometer as capacidades expressivas do ator, pela violação de limites psicofísicos; 3) aconscientização de limites e capacidades psicofísicas, por meio de métodos somáticos, pode contribuir para o treinamento do ator, proporcionando-lhe cuidado adequado de si; 4) a conscientização de limites e capacidades psicofísicas, por meio de métodos somáticos, pode desfavorecer o treinamento do ator, por cuidado desmedido de si. A partir dessas hipóteses, foi possível discutir questões como estas: qual o objetivo do treinamento do ator? O corpo é um instrumento? A que serve o treinamento em dança indiana para atores ocidentais? Quais ascontribuições dos métodos somáticos para o treinamento do ator? O corpo é experiência? Qual a diferença entre ser o corpo e usar o corpo? A busca por respostas a tais questões conduziu à definição de dois pontos de vista: o corpo como instrumento e o corpo como experiência. Os resultados da pesquisa revelaram a complexidade no estabelecimento de um equilíbrio entre esses pontos de vista, ou seja, entre arte e vida. Nas considerações finais, busca-se contribuir para a discussão sobre o treinamento, tendo em vista as perspectivas do ator como artista, e como ser humano.

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