Resumo

Ainda que exista uma considerável produção acadêmica sobre o turismo da população LGBT, formada por lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, pouco se conhece a respeito das práticas turísticas das famílias homoparentais, tanto no Brasil como no exterior. “O conceito de homoparentalidade é relativamente novo, sendo um neologismo criado pela Associação de Pais e Futuros Pais Gays e Lésbicas, em Paris, no ano de 1997, que se refere ao fato de um adulto que se reconhece homossexual ser ou pretender ser pai ou mãe de uma criança” (ZAMBRANO, 2006 apud SANTOS; SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013, p. 575). Os autores mencionam que é conferida uma visibilidade crescente aos sujeitos homossexuais que se empenham na organização de configurações familiares distintas daquela considerada natural, gerando uma reavaliação do conceito de família. Assim, estas novas configurações familiares se apresentam como um desafio para várias áreas do conhecimento, como a Psicologia, a Antropologia, a Psicanálise e o Direito (SANTOS; SCORSOLINICOMIN; SANTOS, 2013); e, aqui, poderiam ser incluídas as áreas do Lazer e do Turismo. Aliás, não é por acaso que o turismo LGBT entrou definitivamente na pauta da academia e do mercado turístico, uma vez que este grupo é frequentemente associado a gastos com viagens mais elevados se comparado à população heterossexual. Neste sentido, o estudo representa um exercício visando avançar na compreensão sobre as práticas turísticas deste grupo por meio da análise de conteúdo sobre viagens de famílias homoparentais em páginas da rede social Facebook. A partir da bibliografia sobre o tema – com destaque para as publicações de Hughes e Southall (2012) e de Lucena, Jarvis e Weeden (2015), que tratam especificamente do turismo das famílias LGBT, e para o Segundo Relatório Global sobre Turismo LGBT da Organização Mundial de Turismo e da International Gay & Lesbian Travel Association (WORLD TOURISM ORGANIZATION, 2017) – realizou-se a identificação de páginas contendo postagens sobre a temática estudada, como “Gay Family Trips”, “Gays With Kids”, “R Family Vacations” e “Gay Family Travel”, a fim de analisar os conteúdos postados (etapa em andamento). Pretende-se mapear o engajamento (curtidas, comentários e compartilhamentos) nas páginas selecionadas, bem como realizar uma abordagem qualitativa que permita identificar os autores e os tipos de postagens (institucionais, comerciais, pessoais etc), os recursos utilizados pelos usuários, os assuntos abordados (motivações para as viagens, dicas sobre destinos e/ou prestadores de serviços LGBT friendly, recomendações sobre saúde e segurança etc) e outros aspectos relevantes para a abordagem empírica. A partir do exame dos dados, será proposta uma caracterização, ainda que preliminar, deste relevante nicho de mercado, partindo-se do entendimento de que as famílias homoparentais representam uma parte específica do segmento de turismo LGBT, além de fornecer subsídios para a realização de novos estudos sobre o tema