Resumo

O objetivo do presente estudo foi testar a hipótese de que o uso do boné poderia representar umabarreira à radiação solar, permitindo menor acúmulo de calor durante a corrida de intensidadeauto regulada de 6 km sob radiação solar. Dezenove crianças de ambos os sexos, habitantes deregião tropical, sadios e aptos para a prática de exercícios físicos (10,3 ± 0,7 e 10,2 ± 1,0 anos deidade; 148 ± 6 e 145 ± 8 cm de estatura; 39,1 ± 6,1 e 34,8 ± 4,1 kg de massa corporal; 1,3 ± 0,1 e1,2 ± 0,1 m2 de área de superfície corporal, 17,8 ± 2,1 e 16,6 ± 1,8 de índice massa corporal epico de capacidade aeróbia (VO2pico) de 45,9 ± 1,9 e 42,5 ± 2,4 mL.kg-1.min-1 para meninos emeninas, respectivamente), participaram de 4 sessões experimentais: 2 familiarizações à corridade intensidade auto regulada de 6 km, que foram sempre as primeiras e de duas situaçõesexperimentais, constituídas de corrida de intensidade auto regulada de 6 km sem uso de boné(Sem Boné) e com uso de boné (Com Boné). O boné utilizado foi 100% poliéster, da cor branca ecomprimento da aba de 7 cm. As situações experimentais tiveram sua ordem aleatória ebalanceada. Foi dado o mínimo de 3 dias de intervalo e o máximo de 7 dias entre os dias decorrida, sendo todas realizadas em ambiente externo (sob radiação solar). Em todas as situaçõesexperimentais participaram quatro voluntários que foram divididos em dois circuitos de 48 x 2 m.A cada volta dada no circuito (100 m), os voluntários recebiam informação do número de voltasrestantes para completar os 1,5 km (15 voltas). Durante todas as sessões experimentais realizadasforam medidas as variáveis ambientais a cada 10 min, e as variáveis fisiológicas antes do inícioda corrida, durante os intervalos de 3 min dados a cada 1,5 km percorrido e no final dos 6 km. OÍndice de Bulbo Úmido e Temperatura de Globo, a luminosidade do ambiente, a velocidade dacorrida (Vcorrida) e a temperatura média da pele diminuíram ao longo da corrida mas não foramdiferentes entre as situações. A Vcorrida foi maior nos meninos (8,1 ± 1,3 km/h) que nas meninas(6,6 ± 0,9 km/h). O uso do boné diminuiu a luminosidade na altura da testa em 218 Lux e atemperatura média da cabeça (Tmédia da cabeça) em 1,7º C. Esta última também diminuiu ao longo dacorrida. A freqüência cardíaca (FC) foi menor nos períodos de repouso comparado aos momentosda corrida e as meninas apresentaram redução na FC da corrida após o 2º repouso. A taxa de suorda testa (1,07 ± 0,53 mg.cm-2.min-1) foi maior que do antebraço (0,4 ± 0,16 mg.cm-2.min-1). Apercepção subjetiva do esforço e o conforto térmico não foram diferentes entre as situações, masaumentaram ao longo da corrida. Houve correlação positiva entre a Vcorrida e o VO2pico (r=0,64;p=0,002; r2=0,4). Não houve diferença na quantidade de água ingerida. Portanto, apesar do bonéter conferido proteção contra o ganho de calor da radiação e com isso diminuindo a Tmédia da cabeça,ele não foi capaz de alterar o desempenho. A Vcorrida diminuiu ao longo dos 6 km percorridosdevido provavelmente às alterações dos indicadores do mecanismo de fadiga. A maior Vcorridaobservada nos meninos foi devido provavelmente aos seus maiores VO2pico.

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