Resumo

A obesidade é um problema de saúde pública e fator de risco para diversas doenças, dentre elas, a asma. O excesso de tecido adiposo está associado com alterações na mecânica ventilatória e na resposta inflamatórias das vias aéreas que acarretam diminuição da função pulmonar e sintomas respiratórios. Os indivíduos obesos frequentemente relatam tosse e sibilos após esforço físico, sugerindo um quadro de broncoespasmo induzido pelo exercício (BIE). Poucos estudos avaliaram o broncoespasmo induzido pelo exercício em obesos e os resultados são inconsistentes. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a freqüência e intensidade do broncoespasmo induzido pelo exercício (BIE) em adolescentes obesos. Estudo transversal, composto por 80 adolescentes, de ambos os sexos, entre 10 e 16 anos de idade, divididos em quatro grupos, de acordo com a presença de asma e obesidade: asmáticos obesos (n=18); asmáticos (n=21); obesos (n=26) e controle (n=15). O diagnóstico de asma foi realizado por meio de história clinica e questionário do ISAAC e a obesidade pelo índice de massa corporal acima do percentil 95°. Utilizou-se o teste de broncoprovocação com exercício para a avaliação do BIE, considerando positiva uma diminuição do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) ≥10% do valor pré-exercício. Para avaliar a intensidade do BIE foi calculada a queda percentual máxima do VEF1 e a área acima da curva formada pela queda e recuperação do VEF1. Para comparar a freqüência de BIE utilizou-se o teste Qui-quadrado e a intensidade pelo teste de Kruskal-Wallis. Adotou-se nível de significância de p<0,05. Não houve diferença significativa na freqüência de BIE nos grupos com obesidade, entretanto, a freqüência de BIE foi maior nos grupos com asma. A queda máxima do VEF1 foi maior nos grupos asmáticos obesos, asmáticos e obesos em comparação ao grupo controle. Não houve diferença entre asmático obeso e asmático. Não houve diferença significativa na freqüência de BIE entre os grupos asmáticos obesos e asmáticos não-obesos e entre os grupos obesos não-asmáticos e saudáveis. A obesidade não contribuiu para o aumento da freqüência do BIE em asmáticos e não-asmáticos, entretanto, a obesidade contribuiu para a maior intensidade na queda e tempo de recuperação do BIE em obesos. .

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