Resumo

Desde os seus primórdios a sociedade sempre marginalizou e inabilitou as pessoas com deficiência. Foi apenas nos últimos 200 anos que as políticas a favor das pessoas com deficiência apareceram. Uma das dimensões da sociedade que terá contribuído para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, foi o fenômeno social do desporto, que facilitou seu processo de integração à sociedade. Os êxitos alcançados nesse processo, fizeram com que o esporte adaptado deixasse de ser somente terapêutico, para se tornar de alto rendimento. Dessa forma surgem os Jogos Paraolímpicos, que ocupam lugar de prestígio, e a par com outros grande eventos esportivos também têm cobertura midiática. Porém, ao se analisar a atuação da mídia no sistema de representações e discursos referentes à pessoa com deficiência, estas se encontram permeadas por subjetividades e, por vezes, reforçando preconceitos e estereótipos. É nesse contexto que o futuro estudo tem como finalidade analisar e ampliar as discussões sobre as relações entre a mídia e as Paraolimpíadas. O objetivo geral deste estudo é, então, comparar a cobertura da mídia impressa dos Jogos Paraolímpicos de 1996, 2000, 2004 e 2008, no Brasil e em Portugal, analisando a quantidade de tal cobertura, os temas presentes, a terminologia utilizada, os tipos de deficiência com mais tempo de antena, e os estereótipos nos quais os atletas foram enquadrados. Neste sentido concluímos que há uma tendência para o crescimento da quantidade de informação sobre os Jogos Paraolímpicos ao longo do tempo, contudo este aumento é ainda muito lento e tímido. Verificamos ainda que a imprensa brasileira foi responsável pela maior parte da cobertura. Relativamente aos temas presentes, notamos que os temas apresentados enquadravam a vitória dos paraolímpicos de forma a banalizar o feito dos atletas, ao focar fundamentalmente nos resultados. No que toca à questão da terminologia verificamos que apenas Portugal apresentou terminologia mais adequada com o passar do tempo, o mesmo não ocorreu no Brasil. Com relação ao tipo de deficiência mais retratada, de uma forma geral, verificamos que em quase todas as edições, em ambos os países a deficiência com a maior taxa de ocorrências é a Deficiência Visual, seguida pela Paralisia Cerebral. Sendo, que os estereótipos de superherói e coitadinho foram encontrados. Palavras-chave: Atletas Paraolímpicos; Mídia; Portugal, Brasil.

Arquivo