Resumo

Esta pesquisa, parte da perquirição e dissertação de meu mestrado, visa analisar a trajetória de atletas ganeses inseridos no futebol inglês entre 1996 e 2014, sob o olhar da imprensa britânica. Procura-se, deste modo, refletir sobre o discurso pós-colonial por meio do esporte, especialmente no que concerne as construções das hierarquizações dos jogadores provenientes das antigas colônias africanas, tendo em vista o contexto esportivo inglês e a perspectiva geopolítica da Inglaterra contemporânea nas suas relações com as áreas africanas do antigo Império colonial. O recorte temporal se inicia em 1996, quando o primeiro atleta ganês, Anthony Yeboah, chega à Premier League, primeira divisão do futebol profissional inglês, para atuar no Leeds United. O ingresso de Yeboah, assim como o seu sucesso nos gramados ingleses, promoveu a chegada de vários outros jogadores de Gana à elite deste esporte na Inglaterra entre o final da década de 1990 e o início do século XXI, como Mohammed Gargo, Nii Lamptey, Alex Nyarko e Junior Agogo. No decorrer da primeira década do século XXI, auge do futebol ganês, alguns jogadores se destacaram nas principais equipes da Premier League como John Mensah, Quincy Abeyie, Richard Kingson, John Paintsil e Michael Essien e Mario Balotelli. Para a realização desta pesquisa, utilizaremos como fontes documentais alguns jornais ingleses que fazem parte da chamada “Grande Mídia”: Daily Express, The Sunday Times, The Telegraph, Daily Star, The Guardian e o Daily Mail, além dos registros e estatísticas da FIFA (Federação Internacional de Futebol) disponíveis em seu site oficial. Também será utilizada a documentação que é oferecida online pela Ghana Football Association (Associação Ganesa de Futebol) no que cerne ao registro de migração de atletas ganeses, relatos de jogadores e técnicos e a história do esporte no país africano. Pensar nos desdobramentos que se engendram de dentro para fora neste período de migrações direciona-nos a compreender o que passou a significar ser um africano na Europa, mais do que isto, ser um ganês na Inglaterra e como se dará no futebol as novas relações neocoloniais pensando na perspectiva de jogadores, sociedade e estado.