Resumo

Ao observar um movimento, o aprendiz extrai importantes informações que o
auxiliam na organização e na execução de suas ações motoras. Resultados de estudos
apontam para uma maior efetividade na reprodução da habilidade quando um maior
número de demonstrações é fornecido. Entretanto, a maioria dos estudos associa à
demonstração, a quantidade de prática e o conhecimento de resultados (CR), não
permitindo investigar isoladamente o que foi extraído da informação modelada.
Uma outra questão é que as medidas utilizadas nos experimentos refletem o resultado
do movimento e não a reprodução de seu padrão. Assim, o presente estudo investigou
o efeito do número de demonstrações na reprodução motora das dimensões relativa
e absoluta de uma habilidade sem a interferência de outras variáveis. 20 participantes
foram divididos em 2 grupos: 9 demonstrações (G9) e 3 demonstrações (G3). Os
sujeitos receberam demonstrações idênticas da tarefa em um vídeo na tela do
computador, consistindo na digitação de 4 teclas na região alfanumérica do teclado
com tempos relativos de 22% do tempo total (tecla 2 para 8), 44% (8 para 6) e 33%
(6 para 4) em um tempo total de 900 ms. 3 min após as demonstrações, os sujeitos
realizaram 12 tentativas de reprodução da tarefa na região alfanumérica de um teclado,
teste T1, que foram armazenadas em 1 software para análise posterior. 24 horas
após o T1, foram realizadas mais 12 tentativas, teste T2. Não foi fornecido CR aos
sujeitos. Para a análise inferencial, foram conduzidas Anovas two-way e testes Post
Hoc de Tukey para as médias de tempo relativo e absoluto. A análise da reprodução
do tempo relativo no T1 indicou que o G9 obteve melhor desempenho que o G3
(p<0,03). Não houve diferença significativa entre grupos de prática no T2 (p=0,92).
Na análise do tempo absoluto não foi encontrada diferença significativa entre grupos
para T1 (p=0,10) e T2 (p=0,80). O número de demonstrações não interferiu na
característica mais simples da habilidade, tempo absoluto. Entretanto, para a
reprodução da dimensão relativa, a mais complexa da habilidade, um maior número
de demonstrações foi mais efetivo na reprodução motora. Não houve diferença
entre grupos para o T2, sugerindo que a demonstração per si, não foi capaz de gerar
mudanças permanentes no comportamento, ou seja, aprendizagem. Conclui-se que
uma maior quantidade de demonstrações auxilia no processamento das informações
referentes ao padrão do movimento para o controle motor após a modelagem.

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