Resumo

Esta pesquisa partiu da problemática em torno da possibilidade da ocorrência de experiências no âmbito do lazer na escola, mais especificamente nos seus espaços localizados ao ar livre, ou seja, para além das salas de aula, nos tempos/espaços em que estudantes e demais membros da comunidade escolar não estão inseridos nas aulas formais (intervalos e inter turnos), levando-se em consideração as formas de planejamento e organização desses espaços. Foi adotada a pesquisa qualitativa. Para contemplar os objetivos da pesquisa foram adotadas quatro etapas: (1) Mapeamento dos espaços ao ar livre; (2) Pesquisa em documentos atuais e históricos, visando a identificação do planejamento e da organização dos espaços; (3) Identificação, observação visual e descrição dos espaços ao ar livre e das formas de uso e apropriação destes espaços por membros da comunidade escolar, localizando possibilidades e experiências no âmbito do lazer; e (4) Entrevistas semiestruturadas com a equipe diretiva, professores, funcionários e estudantes, visando identificar as formas de compreensão dos espaços ao ar livre e da relação entre o fenômeno do lazer e o âmbito escolar. Por meio de uma triangulação entre as informações obtidas a partir das observações visuais de campo, das entrevistas semiestruturadas e dos documentos atuais e históricos do Colégio, foram identificadas e analisadas convergências e divergências. Os resultados desta pesquisa demonstraram que, no Colégio, os espaços ao ar livre não tinham o mesmo cuidado nem eram considerados potencialmente educativos como os demais espaços localizados internamente, mesmo estes espaços tendo sido ressignificados com o passar dos anos, passando de locais destinados, no início, principalmente à circulação das pessoas, para locais que possibilitariam novas formas de uso e apropriação por parte de toda a comunidade escolar. Desta forma, os intervalos e inter turnos eram entendidos e organizados como tempos/espaços de descanso e recuperação de energias para a volta às aulas, resultando no empobrecimento quanto às possibilidades de vivências calcadas no lúdico, principalmente em relação às práticas corporais. Este fato pode estar relacionado com a concepção de que a escola ainda é local destinado apenas ao trabalho, relegando o lazer a segundo plano ou a experiências vividas fora dos tempos/espaços escolares. A apropriação dos diversos espaços escolares pelos membros da comunidade escolar e o entendimento de que todos os espaços influenciam-se e interrelacionam-se, poderia auxiliar no estabelecimento das relações de uso, apropriação, trocas, ou seja, de ensino aprendizagem, não apenas em relação aos espaços da escola, mas com os demais espaços educativos da cidade, sejam eles públicos ou privados. Iniciar esse processo verdadeiramente educativo pelo ambiente escolar pode influenciar no uso e apropriação da cidade, já que o espaço escolar está inserido no espaço citadino. Caberia à escola fazer a sua parte, prestar a sua contribuição enquanto instituição efetivamente educadora, o que poderia resultar em significativos avanços para a cidade e toda a sociedade, principalmente no que tange às relações humanas, estabelecidas nos diversos tempos/espaços da vida. 

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