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INTRODUÇÃO:

Por volta dos anos 60 a 70, prevaleceu nas aulas de Educação Física a Concepção Pedagógica Competitivista a fim de despertar na sociedade brasileira o interesse pela prática desportiva, assim o país obteria uma maior representatividade de atletas nas Olimpíadas.

Isso tornou os Jogos Internos Escolares um meio para treinar os futuros competidores. Porém, nos anos 80, surge a corrente progressista na intenção de eliminar o esporte performance das escolas e construir uma nova importância do conteúdo ministrado, relacionando-o ao cotidiano do discente. Dessa forma, este estudo faz uma análise crítica sobre a atual realização dos Jogos Internos em duas escolas localizadas no centro da cidade de Santarém-PA, observando se as novas abordagens pedagógicas da Educação Física estão presentes neste processo. E verifica os motivos que levam à realização dos Jogos Internos, à participação de alunos, docentes, assessoria pedagógica e direção escolar. Esta pesquisa fomenta o debate sobre a utilização das novas abordagens da Educação Física na ação docente, e em especial, durante a realização dos Jogos Internos que surgiram com uma visão competitivista, enquanto as novas abordagens surgiram para eliminar a esportivização e o tecnicismo presentes na Educação Física Escolar.


 METODOLOGIA:

Caracteriza-se como sendo uma pesquisa de campo do tipo qualitativa com enfoque metodológico crítico-dialético. As escolas estudadas foram visitadas durante todo o processo de organização e preparação para os Jogos Internos. O estudo restringiu-se ao Ensino Médio. Durante a coleta de dados houve a observação participante, porém, sem intervenção. Elaborou-se três entrevistas estruturadas, uma direcionada aos professores de Educação Física, uma aos alunos e outra à Direção, Assessoria Pedagógica e professores das demais disciplinas. Foram feitas 155 entrevistas, destas, 83% com alunos, 12% com professores das outras disciplinas, 3% com professores de Educação Física, 1% com a Direção e 1% com a Assessoria Pedagógica. A escolha dos entrevistados foi de forma aleatória, conforme o consentimento e disponibilidade dos mesmos. As entrevistas com os alunos foram divididas igualmente entre aqueles que participaram dos Jogos e os que não participaram. Um outro instrumento metodológico utilizado foi o registro fotográfico. Serviram também como fontes de informação, o planejamento da disciplina Educação Física, o projeto e o regulamento dos Jogos Internos e o Projeto Político Pedagógico da escola. Fez-se um levantamento bibliográfico para respaldar o estudo e análise dos dados.


RESULTADOS:

Os Jogos Internos apresentaram a prática quase exclusiva de esportes, tendo como opções de jogos, o cabo de guerra em ambas as escolas e o xadrez e o dominó em uma delas. Dos alunos que não se envolveram nos Jogos, 52% justificaram sua ausência por falta de vagas nas equipes, já que não sabem ou não gostam de jogar bola. Assim, constata-se que os alunos se auto-excluem ou são excluídos por não possuírem habilidades esportivas, participando somente os mais aptos a modalidades de quadra. A organização fica praticamente restrita aos professores de Educação Física, pois dentre os alunos participantes, só 9% auxiliaram na organização. O planejamento dessa disciplina apresentou característica das tendências tecnicista e higienista, com um conteúdo predominantemente esportivo. Observou-se que as metodologias empregadas pelos professores estão descompromissadas com as ações pedagógicas progressistas, pois a Educação Física ainda é, dentro do contexto educacional, encarada como atividade e não como disciplina. Não há a integração idealizada no projeto dos Jogos, haja vista que este objetivo fica comprometido pela rivalidade existente entre os alunos.

Metade dos professores de Educação Física entrevistados não souberam responder qual tendência pedagógica adotam em sua prática.


CONCLUSÕES:

As escolas pesquisadas mostram que os Jogos Internos Escolares não estão sendo realizados levando-se em consideração as Novas Concepções Pedagógicas da Educação Física Escolar, pois tomam como base as Olimpíadas Mundiais e deixam muitos alunos fora desse processo. Entende-se que esse fato seja decorrente dos professores de Educação Física privilegiarem o esporte em detrimento dos outros conteúdos desta disciplina. Para que os Jogos Internos tornem-se um momento de aprendizagem significativa, integração e socialização, a Educação Física não pode ser apenas um momento de executar habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas, pois os alunos não têm de aprender somente os fundamentos táticos e técnicos dos esportes, mas sim, compreender como esses elementos podem ser significativos no seu dia-dia, abrangendo todas as dimensões esportivas. Dessa maneira, a Educação Física como componente curricular, deve ser entendida por todos os sujeitos da escola como uma disciplina responsável em tornar o aluno um cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das diversas formas da cultura corporal. Assim, esta pesquisa leva à reflexão de se pôr, efetivamente em prática, as Novas Concepções Pedagógicas da Educação Física no ambiente escolar.