Resumo

Os Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020, a competição mais celebrada do mundo, mais ansiada pelos atletas e de maior visibilidade do planeta foi suspensa em virtude de eclosão da covid-19. A quebra do ritual, inédita na história olímpica contemporânea, afirma a magnitude da pandemia que assolou o planeta nesse ano. Diante da impossibilidade de realização nesse ano as autoridades olímpicas adiaram, em princípio, os Jogos para 2021 entendendo a condição temporária da situação. Se do ponto de vista comercial isso resolveria um problema para a cidade sede e para o COI, por outro lado essa decisão colocaria em xeque a dimensão ritualística da competição esportiva, pautada em um imaginário celebrativos heroico que remonta aos Jogos Olímpicos da Antiguidade e a todo o campo simbólico construído ao longo do último século. Esse artigo tem por finalidade discutir a hierofania dos Jogos Olímpicos e a extensão da pregnância mítica alcançada pela tradição de um ritual reconfigurado para o século atual.

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