Resumo


Na busca de ocupar o tempo livre o homem reencontra o bem-estar através do
lazer que há muito havia se afastado, e esse lazer ressurge com a roupagem da
aventura.A partir dessa reflexão levantamos as seguintes questões: Que sentidos de
lazer começam a ser produzidos a partir desse novo estilo de vida? De que modo
essa aventura que faz romper o cotidiano do homem na atualidade pode favorecer
outras sensações e descobertas? Encontrar esse caminho não é simples; é preciso
adentrar no mundo do sagrado e despir-se das heranças cartesianas. O objetivo do
trabalho foi investigar os sentidos da aventura de caminhar por lazer no imaginário
de caminhantes-peregrinos que trilharam o Caminho do Sol. O estudo tem
características qualitativas, baseadas nos princípios do estudo de caso. A amostra foi
formada pelo depoimento de nove caminhantes-peregrinos, colhidos no site da
internet http://www.caminhodosol.org/batepapo.htm. Para analisar esses
depoimentos recorremos ao método de Análise do Discurso (AD) proposto por
ORLANDI (1989, 1994, 2000, 2001) e ao método da Análise Imagética proposto por
DURAND (2001). Os resultados indicaram que o caminhante-peregrino percorre o
Caminho do Sol e trilha a trajetória do herói, do reencantamento, da reintegração
do corpo e do espírito, e do encontro com Deus, como caminhos que levam a
felicidade. Na trajetória heróica o caminhante-peregrino rompe com seu cotidiano,
trilha o Caminho do Sol e acidentalmente é lançado a fazer a sua caminhada interior,
sentindo espanto e surpresa.A relação que o caminhante-peregrino estabelece com
a natureza é uma relação de reencantamento, um retorno ao que acontecia na
modernidade antiga. Nesse período predominava o encantamento do mundo, onde
o significado da vida do homem estava diretamente relacionado com a contemplação
e a interação que o homem mantinha com a natureza. O sentimento de união do
corpo e o espírito é uma prática remota, relacionada com a natureza e encontrada
em civilizações muito antigas, mas o homem se afastou do entendimento de si
como portador de corpo e espírito que vivia em harmonia, e se lançou a valorizar
apenas aquilo que via, deixando o seu lado sensível ao segundo plano. A vivencia
dessa magia que o caminhante-peregrino experimenta nos remete ao que OTTO
(1992) chama de numinoso, criam-se laços entre o caminhante-peregrino, com seu
corpo em movimento a trilhar o Caminho do Sol, e o sagrado, a sensação de Deus
aflorando a partir da interação que.

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