Resumo

data de submissão: 21-06-2006 data de aceitação: 20-07-2006 Introdução O vocábulo “profi ssão” é originariamente de conotação religiosa e signifi ca “profi ssão de fé” ou “professar” uma religião (do latim: profi teor, profi teri, professus su, que signifi ca voto público, fazer uma promessa pública, declarar publicamente um compromisso de fazer o bem a outros ou bene facere). Professar (ou confessar) é sinônimo de disponibilizar- se para um determinado serviço, consagrar- se a uma atividade. Assim, desde o início da humanidade foram desenvolvidos alguns serviços imprescindíveis à sociedade, como a consagração (profi ssão) aos serviços religiosos, aos cuidados da família, à administração da justiça e à atenção aos enfermos. Desde então, conceitua-se como profi ssional alguém consagrado a uma causa de grande transcendência social e humana. Por seu turno, a sociedade exige correção e retidão no desempenho deste mister, daí que outorga a estes cidadãos determinados privilégios como uma forma de retribuição por “consagrarem” a sua vida para servir esta mesma sociedade. Assim, quando pessoas que assumem a responsabilidade de executar funções relacionadas com as dimensões mais sagradas da existência, como a religião, a justiça e a saúde não atuam de forma a respeitar a ética inerente à sua profi ssão ou função, a sociedade como um todo se torna diminuída em seus valores morais. Por outro lado, a evolução dos costumes e os desenvolvimentos do conhecimento humano através da ciência e da tecnologia, fi zeram com que as relações sociais se tornassem mais complexas, demandando o aparecimento de outras atividades, funções e profi ssões e, para exercê-las, novos profi ssionais. Profi ssão é, pois, uma atividade humana específi ca que surge em razão de uma necessidade social, para a qual deve estar voltada com a missão fundamental de colaborar para o bem-estar coletivo, o equilíbrio e a paz social. Para James Drane (2004), profi ssional é “alguém que faz promessa pública de trabalhar para outros e é essencial para a sociedade”. Assim, as suas características estariam assim defi nidas: 1- Proporcionam serviços públicos essenciais para o bem comum. 2- É considerada uma vocação, mais que simplesmente um trabalho. 3- Para ser exercida, tem como pré-requisito um treinamento prolongado e especializado em uma universidade. A educação adquirida na universidade inclui tanto conhecimentos teóricos como uma prática concreta. 4- O controle para se ingressar a uma profi ssão é exercido através de uma licença. Deve-se ter uma licença específi ca para praticar uma profi ssão. 5- Os conselhos de admissão estão formados por membros da profi ssão. 6- As profi ssões elaboram seus próprios códigos e padrões éticos. 7- As leis concernentes à profi ssão são idealmente infl uenciadas pela própria profi ssão. Por exemplo, os conselhos profi ssionais geralmente avaliam demandas de má prática antes de serem julgadas publicamente. 8- Os profi ssionais desfrutam de autonomia na oferta de serviços. 9- Aqueles que pagam por serviços (usuários) não controlam ou não tem autoridade sobre eles. Os valores morais de uma profi ssão José Geraldo de Freitas Drumond1 1 Presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, Minas Gerais, Brasil Drumond, J. G.; (2006). Os valores morais de uma profi ssão 2(3): 192-200 192 {Opinião miolon3-vol2.indd 65 23-10-2006 20:38:26