Resumo

O Brasil tem melhorado seu desempenho nas paralímpiadas significativamente nos últimos vinte anos, chegando ao seu ápice no evento do Rio de Janeiro, em 2016. Para a conquista de tais resultados foi necessário um grande investimento no paradesporto, chegando a cerca de 39,4 milhões para o evento, o maior feito em toda história (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2015). Tal investimento foi fundamental para que vários atletas chegassem 72 vezes ao pódio, ou seja, diferente dos ciclos paralímpicos de Sidney, Athenas, Pequim e Londres, onde um número pequeno de atletas foi responsável pela conquista de um alto número de medalhas (BRANDÃO; CAMPEÃO, 2012). Tendo em vista essa mudança na quantidade de medalhas conquistadas e sua maior distribuição entre os atletas, o objetivo do presente estudo foi compreender a influência do aspecto econômico em tal marca e questionar se o investimento feito, apesar de recorde na história do país, foi suficiente, isso a partir de uma entrevista com Sandro Colaço de Lima, atleta da esgrima em cadeira de roda, participante da competição no Rio de Janeiro. O procedimento metodológico utilizado foi a história oral, ferramenta que trabalha com a memória a partir de relatos orais de indivíduos que participaram ou presenciaram alguma conjuntura do passado (THOMPSON, 1992). Foram várias as manchetes positivas sobre a paralímpiada do Rio de Janeiro, como, o recorde de medalhas e medalhistas, maior delegação brasileira da história, o alto investimento feito no paradesporto, entre outras ainda mais edificantes a imagem do evento. No entanto, o relato do atleta aponta que apesar de todo investimento feito, o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) não conseguiu arcar com as despesas de todas as competições preparatórias, levando assim, atletas a terem que arcar com recursos próprios ou desistir de determinadas competições. Tal fato elucida algo não veiculado pela mídia, isto é, as dificuldades enfrentadas pelos atletas. Pensando em Tóquio, 2020, Sandro Colaço de Lima demonstra em sua narrativa certo desanimo, pois, segundo ele, as dificuldades em relação as viagens para as competições classificatórias só pioraram, mas agora com um adicional, o número de atletas convocados da equipe de esgrima em cadeira de rodas para essas competições foi reduzido. Fato que ocorreu devido ao corte no orçamento do esporte após as paralímpiadas de 2016, deixando assim, comprometido um bom desempenho da equipe para 2020.