Resumo

O potencial desenvolvimental de um ambiente – na perspectiva ecológica de Urie Bronfenbrenner (2002) – aumenta na medida em que o meio físico e social encontrado permite e motiva o indivíduo a engajar-se em atividades, padrões de interação recíproca e relacionamentos diádicos progressivamente mais complexos com as outras pessoas daquele ambiente”. A lesão encefálica na paralisia cerebral (PC) - expressa em padrões anormais da postura e do movimento - pode gerar dificuldades relacionais que, por sua vez, podem ter efeitos mais comprometedores que o limite orgânico em si. A partir dessas reflexões, nasceu o “Espaço Jardim Oficina” – nosso ambiente de atividades – situado na “sala de espera” da Fisioterapia Neurológica Infantil do Hospital das Clínicas da UNICAMP. O objetivo do estudo foi verificar a influência potencial de atividades lúdicas, realizadas no contexto hospitalar, sobre os processos desenvolvimentais de crianças com PC, a partir da análise dos elementos do microssistema (atividades, papéis e relações interpessoais) de Urie Bronfenbrenner. Partindo de uma abordagem qualitativa, caracterizamos a pesquisa como um estudo de caso interpretativo. Quatro crianças com PC e suas mães foram selecionadas como sujeitos de pesquisa. O critério de escolha foi: diagnóstico de PC, assiduidade ao atendimento fisioterápico e concordância em participar de todas as etapas da pesquisa. Os instrumentos de pesquisa foram: observação participante (durante um período de dez meses) e entrevista semi-estruturada. A análise dos dados revelou uma mudança positiva na atitude de mães e crianças com relação ao ambiente. A participação crescente em atividades conjuntas, o estabelecimento de vínculos significativos e padrões de comportamento caracterizados pela motivação e satisfação em participar, demonstraram a influência benéfica da “transformação” (física e social) ocorrida no ambiente hospitalar, confirmando, assim, as hipóteses de Urie Bronfenbrenner. 

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