Resumo

Este estudo objetiva conhecer a percepção de docentes sobre o movimento causado no Campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ-Macaé com a entrada do primeiro estudante surdo profundo no curso de Medicina, bem como identificar as demandas geradas ao curso para seu acesso e sua permanência. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo, de cunho qualitativo, de abordagem etnográfica, tendo como instrumento a entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados pelo método de categorização semântico, segundo análise de conteúdo de Bardin. Foram entrevistados 10 professores que acompanharam o estudante no primeiro semestre de 2018. A partir das análises dos discursos, foi possível separá-los em seis grandes temas predominantes: “Legislação e acessibilidade”, “Formação docente”, “Barreira linguística”, “Mudanças pedagógicas”, “Sentimentos e emoções” e “Escolarização discente”. Concluiu-se que os docentes se percebem como parte da instituição e não foram preparados para receber o estudante surdo, determinando o aparecimento de diferentes sentimentos e emoções, como angústias, medos e desafios. Os professores buscaram estratégias para adaptar as suas aulas e avaliações, porém observaram importantes dificuldades de aprendizado do estudante. A UFRJ precisa preparar-se para receber estudantes surdos além de investir em grandes esforços para que seja garantida uma educação inclusiva para todos os estudantes com deficiência.

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