Resumo

O conceito de deficiência, assim como as suas classificações sofreram profundas
transformações ao longo da história da humanidade. Particularmente, em relação às
classificações tem-se percebido nas proposições de organismos internacionais, como
a Organização Mundial da Saúde, uma mudança dos modelos baseados estritamente
em aspectos médicos e individuais da deficiência para aqueles que privilegiam os
aspectos biopsicosociais. Este é o caso da recém proposta "Classificação Internacional
de Funcionalidade" (CIF). Dentre os seus componentes, está a participação, objeto
de estudo dessa investigação, definida como o "ato de envolver-se em uma situação
vital" (2003, p.15). Por outro lado, tem-se o esporte adaptado que exaustivamente é
apresentado como contendo valores terapêuticos e reabilitativos, com benefícios
tanto na esfera física como social do praticante (CASTRO, 2005; WHEEKER et al., 1999;
SHERRILL, 1996; SOUZA, 1994). Mediante o exposto, pretendeu-se comparar a
percepção de participação em diferentes âmbitos da vida social de paratletas
maceioenses com a de não-paratletas. Trata-se, portanto, de uma pesquisa comparativa,
de natureza quantitativa. A amostra foi constituída por 23 pessoas com alguma
deficiência física, escolhidas de forma não-randômica, sendo 12 paratletas e 11 nãoparatletas. O instrumento utilizado foi a Escala de Participação (versão 4.1), que
apresenta validade, confiabilidade e estabilidade, e que objetiva medir a gravidade
das restrições à participação. Os resultados indicaram que ambos os grupos
apresentavam restrições na participação, ainda que as do grupo dos não-paratletas
fossem ligeiramente superiores (média de 12,08 e 15,36, respectivamente). Em ambos
os grupos, as restrições à participação deviam-se, sobretudo, às barreiras arquitetônicas
(em grande parte no e relacionado ao transporte público). Ao comparar ambos os
grupos, através do teste não-paramétrico de Mann-Whitney, verificou-se que a
diferença entre eles não era significava (p = 0,355, para um p>0,05). Desse modo,
pode-se concluir que ambos os grupos sofriam restrições à sua participação em
situações vitais e que as barreiras arquetetônicas, mais do que esperado,
desempenhavam papel preponderante para essas restrições, enquanto que a prática
da atividade esportiva em si parece não ter interferido na percepção de participação
desses sujeitos.

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