Resumo

A dependência química é um grave problema social e de saúde pública que afeta sobremaneira a ingesta alimentar dos usuários de drogas. Assim, este trabalho objetivou obter um perfil dos dependentes químicos em tratamento no MAREV, Maringá/PR através de dados antropométricos, culturais, de freqüência alimentar e dos conhecimentos nutricionais básicos. A metodologia envolveu: avaliação antropométrica; questionário contendo questões sobre dados pessoais, familiares, história médica, hábitos alimentares e conhecimentos de nutrição; e, avaliação da freqüência alimentar. Os resultados demonstraram que os 52 dependentes químicos avaliados (sexo masculino), tinham entre 17 e 64 anos (42,31% com menos de 22 anos). De acordo com o IMC, 76,92% dos entrevistados eram eutróficos (IMC entre 18,87 e 24,93 kg/m2), um indivíduo mostrou-se desnutrido (IMC=18,46 kg/m2), um com obesidade mórbida (IMC=55,51 kg/m2) e o restante,19,23%, apresentou sobrepeso (IMC entre 25,14 e 26,85 kg/m2). A relação cintura/quadril demonstrou que a população tem baixo risco para doenças cardiovasculares. O nível de escolaridade foi muito baixo, 40,38% tinham somente o 1o grau completo e 4 entrevistados (7,69%) possuíam o 3o grau incompleto. Em relação à droga da qual eram dependentes, em ordem decrescente foram citados: álcool, maconha, cocaína, solventes, crack e anfetaminas. Para 98,08% dos entrevistados os hábitos alimentares foram afetados pelo uso das drogas. Quando não estavam sob seus efeitos, a grande maioria fazia de 2 a 3 refeições diárias, principalmente, almoço, jantar e café da manhã. Dos entrevistados, 86,54% afirmaram desconhecer os componentes dos alimentos; 88,46% desconheciam o que é pirâmide alimentar; 78,85% não se preocupavam com a dieta, mas 82,69% gostariam de receber orientação nutricional. A avaliação da freqüência alimentar demonstrou que os alimentos mais consumidos diariamente foram: arroz, café, feijão, pães. Dentre os alimentos consumidos esporadicamente foram citados: legumes crus, legumes cozidos, frutas, carnes de peixe, frango, suína e bovina, leite, queijos, ovos e frituras. Concluindo, além da alteração no apetite causada pela droga, os alimentos, quando consumidos, eram pobres em vitaminas, minerais, lipídios e proteínas, o que contribui para a desnutrição freqüente entre os dependentes de droga.