Resumo

A obesidade é considerada uma doença metabólica, crônica e de origem multifatorial. Quando evolui para a obesidade mórbida aumenta a incidência das complicações associadas. A cirurgia bariátrica apresenta eficácia por levar a uma perda ponderal significativa, porém, outros fatores como os psicossociais, padrões alimentares, além da prática de atividade física contribuem no pré e pós-operatório do indivíduo com obesidade que se submete à cirurgia bariátrica. O objetivo foi caracterizar os indivíduos com obesidade mórbida submetidos à cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina e as mudanças ocorridas em dois anos pós-cirurgia em relação ao perfil sociodemográfico, suas comorbidades e à prática da atividade física antes e depois da cirurgia. Foi um estudo descritivo exploratório com desenho longitudinal, cuja população foi composta por indivíduos com obesidade mórbida, na faixa etária dos 18 aos 69 anos que se submeteram a cirurgia bariátrica no HU da UFSC. A amostra caracterizada como não probabilística intencional por acessibilidade, constituída por 196 desses indivíduos que realizaram a cirurgia no período de janeiro de 2007 a fevereiro de 2009. A coleta de dados foi realizada nos prontuários médicos e relacionaram variáveis sociodemográficas, histórico familiar e origem da obesidade, comorbidades, tratamentos para emagrecer, massa corporal, estatura e prática de atividade física (antes e depois da cirurgia). Para análise dos dados utilizou-se estatística descritiva e inferencial, por meio do software SPSS 15.0. Os resultados demonstraram que a maioria dos indivíduos eram mulheres, com menos de oito anos de estudo, que se declararam de pele branca, vivendo com um companheiro, a maioria (89%) residindo no litoral catarinense, pertencentes ao 2° e 3° setores profissionais, com dois ou mais filhos e que não tinham o hábito da prática de atividade física, tendo como comorbidade mais prevalente a hipertensão (70%), porém, 44% desses indivíduos obesos não utilizava nenhum tipo de medicação. A maioria (70%) apresentava histórico familiar de obesidade com origem na infância/adolescência. Os indivíduos ativos fisicamente apresentaram menor chance de ter depressão e dislipidemia. A perda de massa corporal foi significativa até o sexto mês pós-operatório, sendo que a redução do IMC foi significativa até o décimo segundo mês. Quando relacionada ao sexo, a perda do IMC não apresentou diferença significativa, todavia, o excesso 15 de peso antes da cirurgia era em média 60 kg e após o procedimento passou a ser em média 19 kg. Ao final de vinte e quatro meses houve uma perda de 77% do excesso de massa corporal. Ao compararem-se os IMCs agrupados pela variável prática de atividade física depois da cirurgia também houve diferença entre as médias e os praticantes apresentaram maior IMC, o que segundo autores que foram destacados pode estar relacionado à maior concentração de massa livre de gordura. Dessa forma pode-se perceber que a prática regular de atividade física traz benefícios às pessoas com obesidade mórbida na prevenção das comorbidades associadas à obesidade e também promove melhor recuperação pós-cirúrgica, perda e manutenção da massa corporal, além da melhoria na qualidade de vida dessas pessoas.

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