Resumo

É comum para a mulher após a menopausa apresentar ganho de peso associado a alterações metabólicas. Nesse sentido, a adiposidade abdominal é um fator de risco relacionado à hipertensão, doença coronariana e diabetes tipo 2. Além disso, tem sido observada uma associação entre adiposidade e inflamação, e ambas desempenham um importante papel no desenvolvimento de várias doenças cardiovasculares. Por outro lado, existem diferentes abordagens para a prevenção e redução do risco cardiovascular em mulheres, sendo a dieta e o exercício os pilares dessas estratégias. Desta forma, este projeto teve como objetivo principal avaliar os efeitos metabólicos, hemodinâmicos, autonômicos e inflamatórios decorrentes da associação entre treinamento físico e readequação alimentar em modelo experimental de menopausa. Foram utilizadas 72 camundongas fêmeas C57BL/6, divididas em 6 grupos experimentais (n=12 em cada): controle (CSN), ooforectomizadas sedentárias submetidas à dieta normolipídica (OSN) ou hiperlipídica (OSD), ooforectomizadas treinadas submetidas à dieta hiperlipídica (OTD), e ooforectomizadas submetidas a readequação alimentar sedentárias (OSDr) ou treinadas (OTDr). As comparações entre os grupos experimentais foram realizadas em dois capítulos: 1. Avaliar os efeitos da readequação alimentar após a privação ovariana em camundongas sedentárias obesas; 2. Avaliar os efeitos da associação de treinamento físico com readequação alimentar em modelo experimental de menopausa e obesidade. Os animais dos grupos obesos receberam dieta hiperlipídica (60% lipídios), enquanto os controles receberam dieta normolipídica (10% lipídios). A readequação alimentar consistiu em submeter os animais à dieta hiperlipídica por 4 semanas e, posteriormente, à dieta normolipídica durante as 4 semanas seguintes. A ooforectomia (retirada bilateral dos ovários) foi realizada ao final da 4ª semana de protocolo. O treinamento físico foi aeróbio em esteira (4 semanas, 5 dias/semana, 1 hora/dia, com intensidade moderada). Os animais foram canulados para registro direto de pressão arterial (4kHz, CODAS), avaliação da modulação autonômica cardiovascular e análise da sensibilidade barorreflexa. Foi mensurada glicemia e tolerância à glicose. Foi realizado análise do perfil inflamatório. Os resultados obtidos foram analisados pelo teste de análise de variância (ANOVA), com pós-hoc de Bonferroni (p<0,05). Os resultados encontrados confirmaram alguns achados recorrentes na literatura, como o aumento no tecido adiposo após a privação ovariana. Além disso, a dieta hiperlipídica foi eficaz em induzir o modelo experimental de obesidade após a privação ovariana, com aumento de 16% no peso corporal, aumento adicional de 24,5% do tecido adiposo branco, aumento de 44% na glicemia e redução de 27% na tolerância à glicose, aumento da pressão arterial e da modulação simpática cardíaca e vascular, e redução da modulação parassimpática cardíaca. Esses prejuízos foram parcialmente revertidos pela readequação alimentar, com a redução de 29,5% no tecido adiposo branco, redução de 18% na glicemia e redução de 13% na tolerância à glicose, redução na pressão arterial e na modulação simpática cardíaca e vascular. Entretanto, quando realizada a comparação entre as estratégias de redução de risco cardiovascular: readequação alimentar isolada vs. treinamento físico isolado vs. associação de readequação alimentar com treinamento físico, os resultados demonstraram que a associação das estratégias promoveu benefícios mais acentuados, como redução de 22% no peso corporal, redução de 29% na glicemia e melhora de 25% na capacidade de mobilização de glicose, redução na pressão arterial, e melhora adicional na modulação autonômica parassimpática cardíaca em relação ao grupo treinado. Dessa forma, os resultados deste estudo fornecem evidências de que, apesar dos já conhecidos benefícios das estratégias isoladas, treinamento físico ou readequação alimentar, a associação dessas estratégias parece ser muito mais poderosa no manejo do risco cardiometabólico observado após a privação ovariana

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