Resumo

A caracterização da preparação esportiva das equipes que são referências na modalidade de voleibol pode auxiliar na sistematização do trabalho direcionado à orientação e controle do processo de treinamento. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi caracterizar a estrutura da periodização do treinamento esportivo das seleções brasileiras de voleibol masculinosub-19 que representaram o país em competições continentais e mundiais. Para tal foi adotada a metodologia da pesquisa documental, na qual foram analisados oito diários de treino utilizados pela comissão técnica das referidas equipes durante os macrociclos de preparação em: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2009. Os conteúdos dos diários de treino foram tabulados por meio do uso da planilha eletrônica Excel (2010), classificados em variáveis do treinamento e subvariáveis do condicionamento físico, e quantificados de forma descritiva. Para identificar as diferenças no tempo de cada ano para cada atributo do treinamento foi executado um modelo em minutos e outro com base no percentual de tempo de cada variável em relação ao total de treinamento no ano, e no percentual de tempo de cada subvariável relacionada ao total do condicionamento físico. Além disso, para comparar diferentes períodos do treinamento, os resultados foram estratificados por tercil, para avaliar o início, meio e final de cada macrociclo com o objetivo de identificar possíveis diferenças. Aplicou-se o teste de Levene para verificação do pressuposto de Homogeneidade das Variâncias.As comparações foram realizadas aplicando o teste de Análise de Variância (ANOVA) seguido pelo teste post-hoc de Bonferroni com critério de significância de P<0,05. Os dados foram apresentados em média e desvio padrão e frequência absoluta e relativa, ponderados por semanas. Foi observado o maior macrociclo com 29 semanas e o menor com 12 semanas. O menor e o maior volume de treino total semanal foram de 934 e 1072 minutos, respectivamente. Entre as variáveis, a maior distribuição foi para o treinamento técnico-tático (≈49,2%) seguido do condicionamento físico (≈27,5%) e jogos amistosos (≈16.8%). Não foram encontradas diferenças significativas entre as variáveis ao longo do período analisado, no entanto, as subvariáveis do condicionamento físico apresentaram alterações. A principal delas foi o treinamento com pesos, a qual em três macrociclos ocupou mais de 80% da distribuição. Em contrapartida foi observado redução nos treinamentos de potência anaeróbia e potência de saltos juntamente com a exclusão da potência aeróbia. Dessa forma essas subvaríaveis passaram a ser desenvolvidas de maneira específica as ações da modalidade, como por exemplo, durante os treinamentos técnico-táticos. Assim, verificou-se que ao longo dos anos analisados, a preparação esportiva no voleibol passou por um processo de aprimoramento, principalmente para a variável condicionamento físico, a qual foi adequada ao momento do processo de treino do voleibol, cuja as cargas de treino têm sido ajustadas às especificidades das reais demandas do jogo com maior ênfase ao treinamento técnico-tático.

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