Resumo

Introdução e objetivo(s): Connie Hansen e Mansoor Siddiq, em 1989 desenvolveram um triciclo sem pedais que foi denominado de PetraBike, o qual foi utilizado para a prática de uma nova modalidade esportiva adaptada para pessoas com deficiência física, a “PETRARaceRunning” (CONNIEHANSEN, 2012). O uso do triciclo sem pedais em questão tem sido recomendado para pessoas com paralisia cerebral, distrofia muscular, doença de Parkinson ou outros acometimentos (CPISRA, 2009). A prática esportiva e competitiva não é o principal fim dos criadores do triciclo sem pedais, mas sim a melhora na qualidade de vida de seu usuário. Os praticantes da modalidade, em geral, melhoram suas condições fisiológicas e motivacionais, e sociais (CPISRA, 2009), assim como os primeiros praticantes de modalidades esportivas adaptadas, saldados mutilados da Segunda Guerra Mundial, que necessitavam de reabilitação física e sócio afetiva. Esse marco para o esporte adaptado ocorreu em Stoke Mandeville, na Inglaterra. A ação foi idealizada pelo neurocirurgião, chamado Ludwig Guttmann, introduziu algumas modalidades esportivas, com a intenção de melhorar as condições psicossociais desses indivíduos (MAUERBERG-DECASTRO, 2011; WINNICK, 2004). No Brasil, o esporte adaptado teve início em meados da década de 50, com Robson Sampaio, fundador do Clube do Otimismo no Rio de Janeiro e Sérgio Seraphin Del Grande criador do Clube dos Paraplégicos de São Paulo (CPSP) (MAUERBERG-DECASTRO, 2011). Nosso país é, atualmente, uma potência e uma referência no cenário paradesportivo mundial. Entre os praticantes e atletas com deficiência física, estão os que possuem paralisia cerebral, patologia que afeta a coordenação motora, locomoção e controle postural. As modalidades esportivas praticadas por esse público são natação, atletismo, futebol, tênis de mesa e bocha. A PETRARaceRunning, desde seu surgimento em 1989, vem crescendo em número de praticantes na Europa. No Brasil, a PetraBike ainda não tem visibilidade, mas já vem sendo utilizada pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) como forma de exercício físico regular para pessoas com paralisia cerebral, trazendo benefícios psicomotores para seus praticantes (SEEBER, 2003). Os mesmos benefícios foram observados por Calve e Damasceno (2012) em um estudo realizado com um indivíduo com lesão cerebelar, o qual apresentou melhora no equilíbrio estático, no andar e nas relações sociais dentro da APAE do município de Caraguatatuba-SP, após 16 sessões de treinamento. Os usuários da PetraBike, em geral, melhoram suas condições físicas (aumento da resistência cardiorrespiratória, resistência muscular localizada, flexibilidade e equilíbrio) e suas relações sócio afetivas, por formarem grupos de treinamento e participarem de competições, nas quais aumentam as relações interpessoais (CPISRA, 2009; O'DONNELL, 2010). Dessa maneira, o presente estudo teve com objetivo avaliar as alterações motoras e psico sociais em pacientes da Comunidade de Amor Rainha da Paz, em Santana de Parnaíba/SP – Brasil. Métodos: Para realização do estudo, foi feita uma avaliação no início da intervenção e uma segunda avaliação após 12 semanas de treinamento em pacientes da instituição, com a PetraBike. Resultados e Discussão: O treinamento com o triciclo foi realizado uma vez por semana, durante aproximadamente 30 minutos. Após o período de treinamento, foi observada melhora das capacidades físicas avaliadas (resistência respiratória e velocidade de locomoção) e as características motivacionais e de relacionamento dos participantes que são cadeirantes que conseguem andar com o uso do equipamento. Esses resultados corroboram com os achados no estudo de Calve (2016), ao aplicar treinamento com a PetraBike em idosos institucionalizados. Considerações Finais: Assim, podemos afirmar que o triciclo sem pedais pode propiciar melhora das condições físicas de pessoas com paralisia cerebral. O equipamento proporciona motivação para seu usuário, por se tratar de uma novidade dentro das possibilidades de prática esportiva, principalmente por possibilitar a locomoção de cadeirantes.

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