Resumo

Alguns estudos tem sugerido que o planejamento de ajustes locomotores
em terrenos irregulares emerge da dinâmica online do movimento, sendo
independente de um planejamento explícito da trajetória da locomoção.
Esse tipo de mecanismo sugere que obstáculos são evitados à medida que
eles são encontrados no caminho da locomoção. Por outro lado, outros
estudos tem sugerido que o planejamento é global, de modo que os
indivíduos planejam rotas que essencialmente evitam áreas densamente
povoadas de obstáculos. O presente estudo, ao contrário dos estudos
anteriores, utilizou obstáculos horizontais. Assim, o objetivo do presente
estudo foi identificar a natureza do planejamento do posicionamento
alternado do pé para evitar pisar em áreas indesejáveis durante a locomoção
em terrenos complexos. Seis indivíduos jovens andaram em uma plataforma
elevada contendo dois monitores de cristal líquidos embutidos, cobertos
com uma placa de plástico rígido transparente. Os monitores exibiram
obstáculos brancos, retângulares e planares quando os participantes pisaram
num sensor colocado a uma passada de distância do primeiro monitor. Os
monitores foram posicionados de modo a garantir que os pés direito e
esquerdo naturalmente aterrissassem nos seus centros. Participantes
realizaram seis condições que variaram o número, orientação e tamanho
dos obstáculos. Os participantes foram solicitados a evitar pisar no primeiro
obstáculo com o pé direito e no segundo com o pé esquerdo. Dez emissores
i n f ra ve rme l h o s fo ram c o l o c a d o s b i l at e ra lme n t e em c i n c o p o n t o s
anatômicos do pé e tronco e capturados pelo sistema OPTOTRAK. A
análise do ajuste relative (AR), que computa a contribuição de cada passo
para o ajuste final do posicionamento alternado do pé, mostrou que a
análise de variância para dois fatores (Condição x Passo) identificou efeito
principal de passo (F2,30 = 16.09, p < 0.0001). Análises a posteriori
revelaram que, independente da condição, o AR foi diferente entre os três
passos testados. O passo N-1 (anterior ao primeiro obstáculo) não
contribuiu (-8.0%) para o ajuste no passo N+1 (segundo obstáculo). A
maioria da contribuição veio do passo N (primeiro obstáculo) (68.0%),
seguido do passo N+1 (40.0%). Os resultados mostraram que quando dois
obstáculos devem ser evitados em seqüência, a tarefa de evitar pisar é
planejada globalmente.

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