Resumo

Planejar uma ação motora envolve a escolha de uma estratégia de movimento mais eficiente levando em consideração o objetivo final dessa ação, um conceito apresentado na literatura como estado de conforto ao final do movimento. Com o intuito de estudar o planejamento de ações motoras em crianças típicas e com baixa visão, foram realizados dois estudos. O primeiro estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática sobre o planejamento de ações motoras em crianças típicas e atípicas. A partir de uma busca nas principais bases de dados foram encontrados dez estudos com crianças típicas (nove meses a 12 anos de idade), e cinco com crianças atípicas (paralisia cerebral, autismo e transtornos de déficit de coordenação), nas idades entre três a 14 anos. Em crianças típicas esses estudos relatam que a capacidade de planejamento motor se encontra totalmente desenvolvida entre nove à dez anos, já nas crianças atípicas os resultados ainda são inconclusivos. O segundo estudo teve como objetivo verificar a influência da deficiência visual na capacidade de planejamento de ações motoras manuais em crianças com baixa visão, dos sete aos doze anos de idade. Participaram desse estudo 29 crianças com baixa visão e 75 com visão normal. Foi solicitada as crianças que realizassem uma tarefa manual de encaixe de uma barra de madeira. Analisou-se a porcentagem de acertos compatíveis ao estado de conforto ao final do movimento. Não houve diferença significativa entre os grupos na tarefa de planejamento manual em todas as idades, e a capacidade de planejamento em ambos os grupos não estava totalmente desenvolvida até os doze anos. Conclui-se que por ser o primeiro estudo com crianças brasileiras com diagnóstico de baixa visão, os resultados podem ser considerados positivos, visto que não houve diferença significativa na capacidade de planejamento motor dessas crianças quando comparado com as crianças com visão normal. No entanto, ao observar o planejamento motor dessas crianças nota-se desempenho inferior ao das crianças de outros estudos da literatura, na mesma faixa etária, mas com nacionalidades diferentes. Com base nessas informações, ressalta-se a importância de realizar mais estudos com crianças brasileiras a partir dos sete anos de idade e com crianças atípicas, principalmente as com baixa visão.

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