Resumo

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Integra

Olá.

Semana passada iniciei, digamos, uma “trilogia” preparatória para a celebração do Dia Mundial de Lazer, que deverá ocorrer no próximo dia 16 de abril.

Como afirmado anteriormente, trata-se de uma iniciativa da Organização Mundial de Lazer, sob a coordenação, neste ano, pelo Centro de Excelência dos Estudos do Lazer da USP-Leste, Serviço Social do Comércio – Sesc e o Laboratório de Gestão das Experiências de Lazer – LAGEL, que eu tenho a honra e a responsabilidade de orientar.

Como no podcast anterior, neste deverei apresentar minha contribuição ao debate realizado no dia 26 de março passado, quando participei, com outras três pessoas, de um debate sobre a pertinência de se instituir o Dia Mundial do Lazer, respondendo a três perguntas. Semana passada apresentei a primeira e hoje abordarei a segunda delas.

Para as pessoas que se interessarem assistir o debate na sua íntegra, a mesma encontra-se disponível no you tube. https://www.youtube.com/watch?v=EGnbrRmusYQ.

Vamos então à pergunta formulada aos debatedores:

2 - Como pensar a sustentabilidade do lazer enquanto campo propício para o desenvolvimento pessoal e de comunidades, diante de tantos outros obstáculos e barreiras existentes para o pleno acesso de todos e todas, principalmente neste contexto atual, no qual diversas crises políticas, econômicas e sanitárias afetam o mundo.

De fato, estamos vivendo o que as pesquisas recentes apontam como uma SINDEMIA, ou seja, uma combinação perversa da pandemia sanitária com a pandemia econômica e, especialmente no Brasil, uma pandemia política.

Trata-se, portanto, de um grande desafio para todos nós, especialmente para os gestores, pensar e agir para que tenhamos a sustentabilidade do lazer.

Enquanto profissional da área, compreender as inúmeras abordagens como esse campo do conhecimento impacta a vida das pessoas e das comunidades nas quais elas estão inseridas, é um primeiro passo para reconhecer que estamos frente de uma dimensão da vida, de caráter multidisciplinar e foco de intervenção multiprofissional.

Especialmente num momento como este, no auge de uma pandemia que nos abate por mais de um ano, ainda com números crescentes, infelizmente, tudo que nos pedem é o isolamento físico e social, tolhendo aquilo que é mais caro na vivência do lazer: a nossa liberdade.

Portanto, como no Brasil, não basta termos a “legalização” do lazer estampada em nossa Constituição de 1988, se ainda não conseguimos, ao longo de mais de três décadas, “legitimar” essa práxis através do seu conhecimento e consequente valorização, em uma sociedade que nos ensinou a viver nas dimensões “das obrigações”, mas muito pouco no campo “das não obrigações”, notadamente o lazer.

Pesquisa realizada ano passado pelo LAGEL, com a participação de 2.278 brasileiros de todos estados e Distrito Federal, sinalizou muito bem que as pessoas tendem a ser muito resilientes às novas demandas, como as da atual epidemia.

Oito em cada dez brasileiros pesquisados afirmaram que neste período de isolamento físico e social encontraram tempo para o seu lazer, embora para 61% deles esse tempo tenha diminuído, mas para um quarto, tenha aumentado.

Importante destacar também que mais da metade dos pesquisados já utilizava a casa como espaço de lazer e que para 70%, o espaço do lar era suficiente para vivenciar essas experiências lúdicas.

O que se observou nessa pesquisa foi que a qualidade da experiência de lazer está diretamente atrelada a um processo de desenvolvimento de competências para essa dimensão da “não obrigação”, da mesma forma que a sociedade, como um todo, valoriza o preparo para aquilo que é obrigatório. Só poderemos desfrutar plenamente o lazer de forma sustentável, na medida em que possamos ampliar o nosso repertório cultural e, mais do que isso, possamos desenvolver novos conhecimentos, habilidades e a atitudes frente a essa dimensão da vida.

Já pelo lado dos provedores dessas experiências, torna-se cada vez mais necessário e urgente aliar ao desenvolvimento das competências técnicas e conceituais, à vontade política para implementá-las.

Eu sou Professor Bramante e espero reencontrá-los na semana que vem para mais um podcast.

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