Integra

Bom dia a cada um de vocês.

Os dois últimos podcasts foram, seguramente, os que eu tive o maior número de feedbacks até agora, a maioria deles muito elogiosos, mas alguns, levantando questões essenciais para reflexão nos dias atuais. Quanto ao da semana passada, no qual fiz uma singela homenagem pelos 100 anos de nascimento do “Patrono da Educação Brasileira”, Paulo Freire, diria que os comentários foram “de A a Z”, a maioria elogiando, no entanto, alguns, estranhando que eu pudesse destacar esse extraordinário educador. Os comentários transitaram desde “que privilégio o seu pela vivência reportada... e o nosso em poder ouvi-lo” até “Bramante, continuo a te admirar, porém a minha decepção é grande pelo seu destaque”, passando ainda pela indiferença.

Não foi de estranhar já que vivemos, lamentavelmente, em tempos de grande polaridade de posturas frente a nossa realidade política.

Já o podcast da semana retrasada, intitulado “Largue o Osso”, o mesmo facilitou um processo de reflexão na vida de algumas pessoas, com a maioria afirmando a necessidade de abrir mão de algumas coisas e suas dificuldades.

Chama muito a minha atenção aquelas pessoas, especialmente nas ações voluntárias, que permanecem anos a fio numa determinada posição, muitas vezes, reclamando do que faz, sob o argumento que ”se eu sair isto aqui acaba...”. Será que não é exatamente o inverso? Será que não é necessário, e por vezes, essencial, que fechemos o nosso ciclo para que novas pessoas aprendam, ao longo do tempo, e possam fazer ainda melhor do que nós?

É muito triste constatar que, mesmo no atual ambiente de hiperconectividade, ainda existe pessoas que nunca querem compartilhar o chamado “pulo do gato” (olha aí outra expressão importante), ou seja, guarda para si conhecimentos e habilidades que somente a experiência, muitas vezes, pode trazer.

Dizem: “deixa ele sofrer um pouco do muito que sofri para chegar até onde cheguei”. Esse tem sido um dos argumentos que já ouvi.

Como dizia meu orientador de doutorado há mais de 35 anos, “quando você pensa em alguma coisa original, pode ter a certeza que muitos outros já o fizeram”. Portanto, quanto mais eu reparto, mais eu multiplico.

Nessa linha de reflexão, meu estimado colega Alan Queiroz da Costa, Professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco, mestre em Ciências da Motricidade pela UNESP de Rio Claro e doutor pela USP em Ciências da Comunicação também se manifestou em relação a esse podcast. Ele lembrou de nossa conversa casual no Encontro Nacional de Recreação e Lazer – ENAREL de 2008, realizado em São Paulo, quando ele era o presidente da Associação Brasileira de Recreadores – sigla ABRE, quando solicitou algumas dicas para sua gestão. Segundo ele, recomendei a combinação de dois atributos essenciais para o sucesso de qualquer gestão: “comprometimento e desprendimento”. Ele recordou que a conversa começou num corredor e, confesso, já não me lembrava mais que, de repente começou a atrair várias outras pessoas ao nosso redor e virou quase uma “mesa redonda” informal durante o evento.

Embora esses dois construtos – comprometimento e desprendimento – possam parecer antagônicos, na verdade eles se complementam e a “ponte” entre ambos é a honestidade de propósito na ação individual em benefício da coletividade.

Ouço, por vezes, de pessoas que estão realizando serviços voluntários associar o desprendimento na ação à falta de comprometimento nos seus resultados. Não é a gratuidade do voluntariado que desobriga a necessidade de se fazer sempre o melhor possível.

Portanto, gostaria de complementar o título daquele podcast – Largue o Osso – com o deste: “Mude Regularmente de Osso”. Ou seja, seja capaz de fechar ciclos.

Experimentar o novo é salutar e começar sabendo que um dia pode terminar é um sinal de sabedoria.

Com isso eu gostaria de dizer que estou fechando um ciclo, dizendo um “até breve”, já que vou dar a vocês umas férias por um tempo. Mas eu volto!

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

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