Resumo

O presente trabalho insere-se na pesquisa matricial do Grupo LEPEL/FACED/UFBA como Dissertação integrada ao eixo Políticas Públicas. Nossa investigação partiu das reformas liberais ocorridas como resposta a crise do welfare state e que ficaram conhecidas como neoliberalismo. No âmbito destas reformas, aparelhos privados de hegemonia como as ONG e outras entidades de um fictício “terceiro setor” ganharam muito destaque pela sua atuação em “parceria” com o Estado. Ao estudarmos a reforma do Estado empreendida no Brasil principalmente a partir da década de 1990, discutimos as peculiaridades do debate sobre a atuação da sociedade civil em nosso país e da participação das ONG nas políticas públicas de esporte. Pela discussão do próprio conceito de esporte e de como este se manifesta por dentro das ações do Ministério do Esporte chegamos aos programas esportivos de atendimento a população e selecionamos para nosso estudo o Programa Segundo Tempo, onde constatamos que, no período de 2005/2010 mais de três quartos dos recursos nos quatro estados que mais receberam verba foram destinados a “parcerias” com ONG. Deste debate, apontamos a necessidade da luta pela construção de um sistema nacional de esporte que realmente, e não apenas nominalmente, referencie-se nas demandas da classe trabalhadora para o estabelecimento de suas linhas de ação, o que é incompatível com o modelo atual de politica publica de esporte, altamente guiado pelos interesses do capital especulativo e da classe dominante e que se traduz no ultimo período na chegada dos megaeventos. Defendemos que esta construção pode ser pensada tendo em vista à superação dos marcos de uma sociedade civil idealizada, o que requereria romper com as bases pautadas pelo dialogo da conciliação de classes e da naturalização das desigualdades sociais, como se estas fossem algo normal e necessário, ainda hoje, para nossa organização, desenvolvimento e sobrevivência enquanto humanidade.

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