Resumo


O objetivo da presente Tese de Doutorado foi analisar o impacto do exercício realizado em ambiente poluído sobre parâmetros cardiorrespiratórios, inflamação e metaboloma. Para isso, foi dividida em dois estudos, com o objetivo de analisar: a influência da duração (estudo 1) e da intensidade (estudo 2) do exercício sobre parâmetros cardiovasculares, de inflamação e o metaboloma. Foram recrutados 10 indivíduos fisicamente ativos do sexo masculino, que foram submetidos aos seguintes testes: a) teste progressivo até a exaustão voluntária; b) dois testes de carga constante no Δ25 da diferença entre o limiar ventilatório (LV) e o ponto de compensação respiratória (PCR), com duração de 90 minutos, sendo um no ambiente limpo e um no poluído (estudo 1) e; c) quatro testes de cargas constantes com 30 minutos de duração, sendo dois no Δ25 e dois no Δ75 da diferença entre o LV e o PCR, também em ambiente limpo e poluído. No estudo 1, foi observado um aumento na pressão arterial sistólica (4,0 ± 0,7 mmHg) e diastólica (6,1 ± 0,5 mmHg) após os 90 minutos de exercício em ambiente poluído, ao contrário do observado no ambiente limpo (-6,2 ± 0,8 mmHg e -1,3 ± 0,5 mmHg, respectivamente). Também após 90 minutos de exercício, foi observado aumento de IL-6 (+37%; p = 0,047) e VEGF (+257%; p = 0,026) e diminuição de IL-10 (-34%; p = 0,061) no ambiente poluído em relação ao limpo. Por sua vez, o metaboloma mostrou alterações que foram mantidas ao longo do tempo, assim como alterações tempo-dependentes, capazes de sugerir que a duração do exercício é um fator importante a ser considerado em ambientes com altos índices de poluição atmosférica. Não houve diferença nas demais variáveis analisadas. A intensidade de exercício não mostrou alteração significativa em nenhum dos parâmetros analisados. É possível que a menor duração de exercício seja responsável por essa ausência de respostas específicas ao exercício em ambiente poluído. Por sua vez, o metaboloma apontou vias diferentemente afetadas no ambiente poluído quando o exercício foi realizado em alta intensidade, sugerindo que a intensidade pode ser um fator importante, porém, em maiores durações de exercício do que a utilizada no presente trabalho. Em conclusão, nossos resultados sugerem que quando o exercício é realizado em ambiente poluído, maiores durações são capazes de produzir respostas mais exacerbadas à inalação de poluentes, como aumento da pressão arterial e da inflamação, assim como diferentes alterações no metaboloma. Por outro lado, a intensidade do exercício não pareceu influenciar significativamente as respostas biológicas ao ambiente poluído, ao menos nas condições testadas
 

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