Resumo

Resumo: Partindo do pressuposto de que a antropologia e a educação tomam o homem como base comum de reflexão, o texto propõe uma discussão sobre as possíveis diferenças entre as abordagens desses campos do conhecimento, considerando a escolha do lugar teórico a partir do qual uma proposta investigativa é conduzida como o aspécto decisivo da questão. A discussão é estruturada a partir de uma crítica ao discurso pós-moderno que adere ao relativismo - historicamente associado ao sucesso público da antropologia no estudo da diversidade-, e se espraia por todas as ciências humanas no embalo do que se convencionou chamar de "crise de paradigmas". Argumenta-se que sem abrir da característica que dirige o trabalho dos antropólogos, qual seja, o profundo conhecimento de objetos singulares, não se pode furtar ao compromisso científico de inseri-los num contexto mais amplo de compreensão, numa perspectiva passível de encontrar ressonância entre outros pesquisadores sociais. A articulação dos valores universais e das especificidades culturais enquanto dimensões de uma mesma realidade, além de ser uma exigência teórica, impõe-se praticamente na medida em que a democracia pasa a ser desafiada pelo movimento global da pobreza, exclusão social e surgimento de particularismos absolutos. Palavras-chave:Pesquisa em antropologia e educação, pesquisa teórica, o singular e o universal *Texto apresentado no seminário "Antropologia e educação: Interfaces do ensino e pesquisa", sob coordenação da professora-doutora Neusa M. Mendes de Gusmão. Gepedisc - Unicamp, 11 de novembro de 1996 ** Doutora em antropologia social (USP) e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, atuando no curso de mestrado em educação daquela instituição.