Resumo

Tal estudo busca analisar a possível alteração da temporalidade que uma obra, de caráter artivista, como a intervenção urbana Cegos do Desvio Coletivo, é capaz de provocar ao transeunte que é atravessado pela obra no seu trajeto cotidiano, além de questionar se a mesma funciona como um dispositivo de visibilidade, possibilitando ao espectador a reflexão sobre o espaço temporal em que se encontra, ressaltando que a obra Cegos ocupa a cidade, entendendo-a como um espaço aberto para a criação artística, partindo de uma premissa de duplo aspecto: o primeiro seria perceber a cidade por meio dos diversos monumentos que a modelam e definem sua imagem; o outro aspecto está no emprego do tempo feito pelos cidadãos, e ainda pelos mais diversos tipos de olhares que se voltam para a cidade, seu espaço físico e simbólico, considerando que a prática social se realiza espacialmente. Assim, há uma relação direta entre a produção do espaço e tempo e a constituição de uma sociedade. E é na ocupação desse espaço, em um tempo descompassado do tempo da cidade, que Cegos se faz perceber, ativando a necessidade da fruição do momento presente, de experimentá-lo de forma profunda, tornando esse momento uma memória vívida, esteja ele conectado à obra ou a qualquer crítica social que, emancipado, o espectador possa extrair dela, no sentido empregado por Jacques Rancière. Entramos, assim, um território onde se reconhece a percepção do espectador como um elemento variante, o que permite levá-lo a diversos “espaços” (reais e ficcionais), possibilitando que seu olhar oscile o tempo todo, criando um movimento de confronto entre performer e espectador, um movimento de imprevisibilidade, que pode levar aquele que assiste à obra a se questionar sobre o que está vendo.

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