Resumo

Introdução: a hipertensão arterial afeta milhões de pessoas em todo o mundo e é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares, aumentando o risco de eventos fatais e não fatais. Ela é determinada pela interação entre fatores genéticos e ambientais e não está restrita apenas a indivíduos adultos aparecendo cada vez mais em crianças e adolescentes. Dessa maneira, estudos sobre a prevalência da pressão arterial elevada e seus fatores determinantes em indivíduos jovens são importantes para que as intervenções possam ser elaboradas com o objetivo de reduzir a atual prevalência. Objetivo: determinar a prevalência e os fatores associados com a pressão arterial elevada em adolescentes da rede pública de ensino diurno da cidade de Curitiba-PR. Métodos: A amostra probabilística por estágios múltiplos foi composta por 1242 adolescentes, sendo 646 moças e 596 rapazes, com idades de 11 e 17 anos, da rede de ensino pública da cidade de Curitiba-PR. O histórico familiar de hipertensão arterial foi obtido por meio de um questionário enviado aos pais ou responsáveis do adolescente. A circunferência da cintura (CC) foi mensurada com uma fita métrica, no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca, sendo classificada como aumentada acima do percentil 90 th de acordo com sexo e faixa etária. O gasto energético diário (GED) foi obtido utilizando o recordatório de três dias de atividade, desenvolvido por Bouchard et al. Para a avaliação da aptidão cardiorrespiratória (VO2máx) foi utilizado o teste de vai e vem proposto por Léger et al. Tanto o GED quanto o VO2máx foram classificados em quartis da amostra por sexo e faixa etária. Para definir o tabagismo, os adolescentes responderam em quantos dias utilizaram cigarros no último mês. O consumo de gorduras totais foi obtido por intermédio do questionário de frequência alimentar desenvolvido por Sichieri e Everhart e classificado como inadequado quando ≥ 30%. A classificação econômica foi obtida usando o critério estabelecido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas e classificado em quatro níveis: (D e E); (C1 e C2); (B1 e B2) e (A1 e A2). A pressão arterial foi mensurada por meio do método auscultatório, com manguitos apropriados para o tamanho do braço do adolescente e classificada como elevada quando ≥ percentil 90o , de acordo com o sexo, idade e o percentil da estatura ou quando os valores foram acima de 120/80 mmHg. Além disso, os adolescentes classificados como pré-hipertensos ou hipertensos foram reavaliados em uma visita subsequente, no dia posterior à primeira avaliação e, nestes casos, foi considerado o valor da segunda medida da pressão arterial. Para verificar as diferenças nos valores de pressão arterial entre os e as faixas etárias foi utilizada a ANOVA fatorial independente (3x2), com post hoc de Tukey e análise de interação. A prevalência de pressão arterial elevada foi obtida pela distribuição de frequência relativa e seus respectivos intervalos de confiança para ambos os sexos. A associação entre as variáveis independentes e a pressão arterial elevada foi verificada por intermédio da regressão logística bivariada e multivariada. As análises de prevalência e de associação foram corrigidas pelo delineamento complexo da amostra. Resultados: para os valores absolutos de pressão arterial houve diferenças significativas entre as faixas etárias somente para o sexo masculino. Além disso, os rapazes tiveram maiores valores de pressão arterial sistólica aos 13- 15 anos e 16-17 anos e maiores valores de pressão arterial diastólica aos 16-17 anos. A prevalência de pressão arterial elevada foi de 18,8% (IC95%=14,7-23,8) para as moças e de 17,5% (IC95%=14,1-21,4) para os rapazes, sem diferença significativa entre os sexos. Foi demonstrada uma associação positiva entre a circunferência da cintura e o histórico familiar de hipertensão arterial com a pressão arterial elevada nos adolescentes analisados. Conclusões: o aumento da pressão arterial demonstrado apenas para os rapazes na faixa etária analisada sugere que as diferenças entre os sexos é explicada pela maturação biológica e aumento do tamanho corporal e não por fatores comportamentais. O presente estudo demonstrou ainda, que a prevalência de pressão arterial elevada em adolescentes da cidade de Curitiba-PR encontra-se em nível preocupante e que indivíduos com a CC aumentada devem ter um acompanhamento dos níveis de pressão arterial e ser alvo de intervenções relacionadas ao estilo de vida, principalmente com o objetivo de diminuição da gordura localizada na região central. 

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