Integra

 Este trabalho pretende apresentar a forma de avaliação desenvolvida no Colégio Pedro II, na CA (Classe de Alfabetização), mais especificamente na Unidade Humaitá II, já que a avaliação é um dos pontos mais polêmicos nas nossas escolas. O fundamento básico da avaliação é medir ou pontuar se houve ou não aprendizagem do que foi apresentado pelo professor. Essa avaliação acaba medindo só a performance dos alunos, atribuindo conceitos sempre mais altos aos que apresentaram melhores índices durante a avaliação, esquecendo que outros alunos também se empenharam e conseguiram melhorar ou até mesmo "aprender" um movimento que jamais teria realizado. Partindo daí, o professor precisa estar sensível a essas formas de avaliação. A avaliação deve sempre ter um caráter somativo, englobando uma série de movimentos e atividades que realmente possam expressar algum acompanhamento por parte do professor e possibilitar um desenvolvimento por parte do aluno. Com estas possibilidades podemos, então, vislumbrar alguns critérios para fazer uma avaliação, pois vamos ter dados de diferentes momentos de aprendizagem do aluno, em que ele vai se utilizar de diferentes movimentos e, a partir dessas buscas, é que vamos, então, ousar avaliar ou atribuir um conceito. Por isso, a dificuldade de pontuar o rendimento de nossos alunos é freqüente se nós devemos realmente reprovar o aluno quando deixa de fazer o que foi solicitado, ou quando ele consegue fazer, mesmo com dificuldades, o que foi pedido. Esse critério precisa de alguns parâmetros a serem definidos pelo professor, antes da iniciação efetiva no processo ensino - aprendizagem.


 Um dos meios de avaliar o nosso aluno pode passar pelo Desenvolvimento Motor do Ser Humano, onde vamos encontrar pesquisas que indicam a faixa etária e as suas possibilidades quanto ao movimento. Isto é muito importante, pois as aulas precisam ser adequadas a cada faixa etária, possibilitando a que todos participem dela e que não encontrem dificuldade em realizá-la.


 Reportando - se a MEINEL ( 1984), a idade entre os 3 e 7 anos de vida chama o autor de A Fase de Movimento e a aquisição das primeiras Combinações de Movimento. Nesta fase , evidencia-se uma melhoria qualitativa do tempo de duração do movimento, bem como o aumento quantitativo de rendimento e aumento disponibilidade variável. Também são observados progressos nas formas dos seguintes movimentos combinados, entre outros: trepar e subir; correr e pular; lançar e pegar; pendurar e balançar; rodar e rolar; carregar, bater e equilibrar. O movimento caracteriza-se pela sua crescente objetividade e estabilidade (constância). Assim como citei MEINEL, poderia ter citado outros estudiosos do Desenvolvimento Motor do Ser Humano ( FONSECA, LE BOULCH, PIKUNAS, ECKERT), entre outros. Na pesquisa realizada com duas turmas de CA, da Unidade Engenho Novo II, que não foi diretamente relacionada à avaliação, mas nos forneceu dados importantes quanto ao entendimento por partes dos alunos da linguagem verbal utilizada pelos professores em suas aulas. Apontou a linguagem na CA: deve ser a mais simples e objetiva possível, pois os alunos ainda não estão preparados para descodificar uma linguagem culta, e, as vezes, por não conseguirem fazê-lo eles perdem a motivação de participarem das aulas de Educação Física. Uma maior quantidade de informações verbais dadas pelos professores não garante o bom entendimento e desenvolvimento (movimentação) por parte dos alunos. Temos que considerar como o aluno chegou à escola e como ele está no momento da nossa avaliação. Isso é importante para chegarmos a uma conclusão que realmente possa representar o momento atual dele. No Colégio Pedro II, nossa avaliação acontece da seguinte forma: aspectos formativos (interesse e participação, cooperação e disciplina); aspectos informativos (integração com o grupo, uso do material, habilidades e conhecimentos).


 Ainda sentimos a falta de uma melhor integração entre os professores das outras séries e a integração entre os professores de Educação Físicas das diversas unidades do Colégio.


 Certamente, se pudéssemos garantir um perfil homogênio no desenvolvimento do trabalho entre a maioria dos professores de Educação Física e demais áreas, o nosso trabalho certamente atingiria uma qualidade superior. Na unidade em que trabalho, tentamos oferecer, da CA à 4ª série, uma gama de movimentos de que fatalmente os alunos vão necessitar para o resto da vida. Quando trabalhamos, por exemplo, com cordas tentamos esgotar as possibilidades de movimentos, usando o material; quando trabalhamos com bolas de borracha, tentamos executar todos os tipos de movimentos com bola, em quase todos os esportes, sem ficarmos preocupados com a performance, e sim com o tipo de movimento que o nosso aluno está realizando, orientando-o no sentido de melhorar sua coordenação motora grossa e tentando já desenvolver na medida do possível, o seu gasto de energia, fazendo que ele perceba o movimento como uma fonte de satisfação, prazer e integração com os demais colegas de turma. Quanto à nossa avaliação na Classe de Alfabetização muito mais afetiva do que cognitiva ou motora, pois acreditamos que nesta faixa etária o aluno necessita exercitar e ampliar suas capacidades motoras, vivenciando novos movimentos e descobrindo em si novas que é capaz de realizar. A partir de uma gama de movimentos não estamos preocupados com performance, e sim com executar o movimento da melhor maneira possível. Com o passar do tempo, aí sim, aprimorá-lo para que no futuro possa desfrutar desses conhecimentos para se integrar melhor na sociedade que o cerca.


 Obs. O autor é professor do Colégio Pedro II e da UERJ.


 Referências bibliográficas


 Costa, V.L.F. Prática da educação física no primeiro grau.., Ibrasa,1992.
Meinel, K. Motricidade II: o desenvolvimento motor do ser humano, Ao Livro Técnico, 1984.