Resumo

O objetivo deste trabalho é discutir os mecanismos de controle das adaptações estruturais nos tecidos conjuntivo e muscular submetidos a diferentes condições funcionais. Busca-se o desenvolvimento de interpretações acerca da plasticidade tecidual relacionada com os trabalhos corporais que visam o aprimoramento da flexibilidade do sistema locomotor. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada através da identificação, localização e compilação dos dados escritos, buscando o aproveitamento e ordenação do conhecimento existente, pertinente ao objeto de estudo, utilizando-se as técnicas de análise e interpretação, considerando-se o raciocínio dedutivo para se construir e desenvolver a relação entre as observações e considerações dos autores. O tecido conjuntivo apresenta participação significativa no processo de adaptação ao alongamento. Os principais dados demonstram que a adaptação frente ao aumento da demanda funcional, aumenta a síntese de colágeno, estimula a produção de glicosaminoglicanos, e eleva a área de secção transversa da fibra, o número de núcleos de fibroblastos, o diâmetro dos feixes de colágeno e a resistência à tração dos tendões. Este tecido reage estruturalmente à privação do movimento, com a diminuição na síntese de proteínas e redução na produção de glicosaminoglicanos, que associada a diminuição de água aumenta em cristalinidade os feixes de colágeno, elevando o número de rigações cruzadas, e reduzindo, desta forma, a elasticidade e aumentando a rigidez elástica do tendão, ficando o tecido mais sujeito à fragmentação. O tecido muscular apresenta intensa capacidade adaptativa, sendo o principal sítio de alterações morfológicas com reflexo sobre a capacidade de flexibilidade do sistema ósteo-mio-tendíneo. O músculo é capaz de adaptar-se funcionalmente através de tensões passivas, aumentando a síntese de proteínas, e como conseqüência o aumento no tamanho da fibra pela adição em série de sarcõmeros na extremidade das fibras, aumentando o tamanho do músculo e o relaxamento de "stress". Na ausência ou diminuição do movimento que conduzem a hipocinesia e hipodinamia, ocorre redução da síntese protéica, conseqüente à diminuição de tensão muscular, por não haver sobreposição ótima entre os filamentos de actina e miosina. Nestas condições observa-se atrofia, diminuição do comprimento e diâmetro da fibra em decorrência da redução no número de sarcõmeros em série. A adaptação resulta no remodelamento do tecido conjuntivo intramuscular, diminuição da força contrátil máxima e da curva comprimento/tensão, o que predispõe a menor extensibilidade e aumento na rigidez tecidual. O alongamento muscular, considerando as mudanças plásticas que induzem a modificações permanentes, dependendo da sua intensidade, tempo e freqüência, conduzem a um processo adaptativo dos tecidos em função da nova exigência funcional. Isto se deve ao aumento no número de sarcõmeros em série, diminuindo a tensão na unidade músculo-tendão, devendo os tecidos adquirir um novo comprimento, maior capacidade de relaxamento, diminuição da rigidez e conseqüente aumento da flexibilidade. Estes dados permitem deduzir que a flexibilidade do sistema locomotor é influenciada pelo nível de tensão exercido sobre os tecidos, pela disposição das fibras em relação ao tendão, pelo grau de extensibilidade das fibras de colágeno do tendão e das fibras musculares esqueléticas e pela cápsula articular, que representam fatores limitantes desta propriedade.

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