Resumo

Na década de 1950, o governo da República Popular da China esteve envolvido com a promoção da massificação das atividades corporais e com o desenvolvimento do sistema esportivo chinês, assim como com processos de reinvenção de manifestações da cultura física nativa. Com efeito, a atmosfera desse período foi celeiro para a criação de um esporte nacional, constituído a partir da seleção e da sistematização de conteúdos presentes em diferentes linhas de artes marciais chinesas denominadas, em mandarim, de “wushu”. Este estudo se propôs a investigar como se configurou, na República Popular da China, a fase inicial do processo de institucionalização de artes marciais nativas que veio a culminar na emergência de modalidades esportivas altamente racionalizadas e regulamentadas. A análise de fontes fundamentou-se, em especial, em manuais de wushu que foram elaborados ou endossados pela Comissão de Esportes e Cultura Física da República Popular da China entre 1958 e 1963. Os conteúdos presentes nos manuais consultados são marcados por noções reformistas, sendo que os autores advogam que o wushu deveria ser reorganizado de modo a tornar-se mais acessível à população e mais adequado às necessidades da “Nova China”. A narrativa dos autores ecoa diretivas e slogans institucionais e ressalta o valor das práticas de wushu para a formação de cidadãos saudáveis, produtivos e aptos à defesa da nação

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