Resumo

Os professores da educação básica da rede estadual de São Paulo vivem um cotidiano imerso em conquistas de aprendizagens, superações e construções discentes ao mesmo tempo em que se deparam com a falta de estrutura, material, formação continuada e salários indignos. O problema da pesquisa definiu-se em como o professor de Educação Física consegue trilhar sua carreira profissional nesse cenário. Tem-se como indagações da pesquisa que o gosto pelo ensino e do ambiente de atuação aliados ao atendimento das necessidades pessoais e a estabilidade profissional sejam motivos para permanecer na carreira. Portanto, objetivou-se evidenciar e analisar os saberes experienciais emergentes ao longo da carreira relevando-se a percepção de professores de Educação Física da rede estadual de ensino de São Paulo, verificando seus limites e possibilidades de atuação no contexto escolar. A revisão bibliográfica abordou a profissão docente e os pressupostos teóricos que levaram à criação dos cursos de Educação Física no Brasil, as investigações sobre história de vida docente e os saberes experienciais. Adotou-se como método de abordagem a história do tempo presente e como técnicas de pesquisa as entrevistas semiestruturadas com 12 professores de Educação Física atuantes na rede estadual de São Paulo lotados na Diretoria de Ensino Norte 2 e, a análise de conteúdo das fontes orais. Utilizou-se Huberman como referencial teórico por se tratar da carreira docente e apoiou-se em Elias ao analisar as relações interpessoais no contexto escolar. Evidenciaram-se dois eixos de análise: ciclos de vida docente e saberes experienciais e, o contexto escolar sob a ótica de professores de Educação Física da rede estadual de São Paulo. Constatou-se que a maioria dos professores entrevistados se encontra na fase de diversificação, as dificuldades iniciais da carreira não provocaram um choque tão significativo a ponto de pensarem em desistir, pois tiveram vivências/trabalhos na área durante a formação inicial. Identificou-se nesse primeiro eixo 42 saberes categorizados em sociais, atitudinais, do conhecimento específico e pedagógico e de relações interpessoais. O segundo eixo tratou da questão da desvalorização profissional no que se refere ao seu status, apoio da direção, salário, garantia de espaço e material pedagógico adequados e união profissional; do contexto social identificando-se que a escola não é interessante aos alunos haja vista que que existem limitações nas perspectivas de vida; e a limitação da formação continuada por escassez de recursos financeiros, tempo e investimento escolar. Concluiu-se que ao dar voz àqueles que vivem o cotidiano escolar foi possível detectar motivações, aprendizados, dificuldades e possibilidades na prática pedagógica de professores de Educação Física e verificar como as teias de interdependência se entrelaçam na formação das diferentes configurações sob a ótica desses docentes. Portanto, defende-se a tese de que ao detectar as necessidades de quem vive o cotidiano escolar, seja necessário viabilizar a redistribuição das forças relativas de poder no sentido de equilibrá-las incitando a participação efetiva e democrática daqueles que formam a configuração escolar, bem como estimular a valorização profissional e o estabelecimento de um plano de carreira condizentes com uma vida digna, acesso cultural e investimento na formação profissional.

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