Integra

Amigos:

      Lembro-me muito bem quando fui trabalhar em Brasília em 1997, no antigo INDESP (Instituto de Desenvolvimento do Esporte), como Diretor Técnico, órgão ligado à Presidência da República tendo como Ministro Extraordinário o Sr. Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido por PELÉ, e encontrei um vasto material sobre um programa nacional que deveria ter sido lançado em novembro do ano anterior e que foi “abortado” às vésperas (guardo até hoje, como “lembrança” uma cópia do convite expedido para o lançamento do Programa Vida Saudável…). Na ocasião, apenas um Estado manteve o lançamento por decisão própria – São Paulo – com o nome de AGITA SÃO PAULO, sob a coordenação da então já chamada “família CELAFISCS”, sob a competente liderança do Dr. Victor Matsudo, até hoje a frente do programa que, mais tarde, se tornou nacional (AGITA Brasil) e até internacional (AGITA Mundo).

      Desde seu início, tenho tido o privilégio de fazer parte do corpo de assessores desse programa, que se reúne ao menos uma vez por ano – habitualmente no mês de fevereiro – onde os resultados do ano anterior são apresentados e as propostas do corrente ano são compartilhadas e discutidas.

      Sábado passado (12/02) foi essa reunião, que contou com a presença de aproximadamente 20 pessoas (vide a foto abaixo), de várias partes do país, com conhecimentos e experiências ligadas à democratização do acesso às atividades físicas visando a promoção da saúde.

      Em 2000 e 2004 tive a oportunidade de coordenar o planejamento estratégico para o referido programa e sempre o acompanhei com muito carinho, como anteriormente abordado neste blog, onde a “afetividade” das pessoas corresponde à “efetividade” dos resultados.

      Trago esse assunto neste espaço por entender que o sucesso de programas dessa natureza está diretamente ligado à gestão das experiências de lazer, tema deste blog, acreditando que mudanças de hábitos (incorporar a prática regular de atividades físicas no cotidiano das pessoas) estão diretamente ligadas ao conhecimento de seus benefícios, às habilidades, para que haja uma primeira adesão a alguma experiência físico-esportiva, mas especialmente, uma forte atitude para que se instale a aderência aos novos estilos de vida, nesse caso, incluindo a decisão de se levar uma vida mais ativa.

      Como de praxe, Dr. Victor apresentou um resumo dos resultados das ações do AGITA em 2010, seguido pela apresentação do Prof. Maurício dos Santos dos dez estudos de maior relevância nessa área, após o grupo do CELAFISCS ter feito uma revisão de mais de 1.500 “papers”, pesquisas, relatórios, entre outros, ao longo do ano. Embora cada um deles traga novos elementos para o debate da importância da prática da atividade física para o bem-estar de todos, chamou minha atenção o número nove apresentado, por trazer no título algo ligado a “felicidade”.

      Quero me ater a esse ponto, ao menos neste texto, dada a importância que as práticas físico-esportivas possuem no conjunto das experiências de lazer as quais, muitas vezes, temos a oportunidade de gerir (inclusive essa foi a base da minha fala nessa reunião ao tratar de “Marketing no AGITA”, resgatando a classificação de Kotler no seu mais recente livro “Marketing 3.0”, creio eu, aqui já mencionado em texto anterior). Meu argumento é que parece não haver mais dúvidas quanto à importância da atividade física, quando administrada de maneira adequada, para o bem-estar das pessoas, ou seja, a esmagadora maioria conhece os benefícios advindos dessa prática. De uma forma ou de outra, a maioria das pessoas possui habilidades suficientes para levar um estilo de vida ativa, mesmo que seja uma simples caminhada diária. Para completar o CHA da competência (C = conhecimento; H = habilidade), falta mesmo trabalhar o “A”, de atitude. Segundo Iso-Ahola, autor do clássico “The social psychology of leisure and recreation”, as pessoas se envolvem em alguma experiência de lazer quando se sentem “competentes e auto-determinadas” (num outro texto aqui do blog, vale a pena aprofundar um pouco esse conceito que associa a psicologia com a sociologia como matrizes epistemológicas que justificam a decisão da escolha das pessoas o que fazer nessa importante dimensão da vida humana).

      Portanto, para finalizar, considerando a importância do lazer na existência das pessoas que desejam desenvolver um estilo de vida mais ativo e saudável, em termos de gestão de todo esse processo, recai sobre a dimensão da ATITUDE o nosso maior desafio como gestores, a qual necessita ser melhor trabalhada, tendo o lúdico como meio e o encontro da felicidade como fim.

      Forte abraço.

Bramante

P.S. Assisti a dois filmes nesta semana que recomendo tanto como “meio” como “fim” (ou, se desejarem, na perspectiva da “educação pelo lazer e para o lazer”…). Um foi “Cisne Negro” e o outro “O Discurso do Rei”. Ambos expressam a determinação humana quando se deseja/necessita MUDAR algo: exemplo típico de forte atitude…

[Grupo de Assessores do Program AGITA SÃO PAULO]

Por Bramante
em 18-02-2011, às 11:50

2 comentários. Deixe o seu.

Comentários

Bo.a noite Bramante.
Sem dúvida,um programa e tanto,pois começou exatamente como cita em seu artigo, e de Agita São Paulo foi parar no Agita Mundo, Mueve Bogotá entre outros.Em seu lançamento o Agita Mundo fui convidado a falar sobre importância da atividade física em nossa vida diária.Mas creio ser uma boa , para que a população volte a práticar atividades
físicas nos centros de lazer, em pistas de caminhadas,nas vias compartilhadas de nossa cidade.Participar de atividades que proporcionem lazer com prazer é uma boa.
Vamos mexer nosso corpo que tal começar?
Não custa caro, só depende de voce!!!!!!!!!!!!!!

Por Marcos R. Gomes
em 18-02-2011, às 20:11.

Marcos, grato pelos seus comentários.
Embora ainda encontremos segmentos ligados ao esporte tradicional que olhem com certo estranhamento a prática das atividades físicas espontâneas e prazerosas, esse parece ser um caminho sem volta.
Eu já comecei a mexer o meu!!!…Há 50 anos e nunca mais parei…rs
Abs

Por Bramante
em 24-02-2011, às 21:43.

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