Resumo

Muitos indivíduos que foram infectados pelo vírus da COVID-19 apresentam sintomas persistentes, incluindo fadiga, falta de ar, dores musculares, bem como problemas cognitivos e alterações neuroendócrinas e inflamatórias. Nesse contexto, o exercício físico vem sendo considerado uma importante terapia para os efeitos da COVID-19, por melhorar a função cardiovascular, aumentar a resistência física e promover a saúde mental dos pacientes. No entanto, ainda não há evidências conclusivas sobre os efeitos de um programa regular de exercícios multimodais sobre parâmetros moleculares associados à fisiopatologia e consequências da COVID-19. OBJETIVO: Avaliar os efeitos de um programa de exercícios multimodais, sobre os parâmetros de estresse oxidativo, metabólicos e neuroendócrinos em pacientes pós-COVID-19. MÉTODOS: Foi conduzido um estudo controlado não randomizado e aberto. Participantes com sintomas persistentes de COVID-19 (n=29) foram divididos em grupo controle (n=10) e intervenção (n=19). No grupo controle foram fornecidas orientações de etiqueta respiratória por cartilha e vídeo conferência. No grupo intervenção, foi realizado um programa de exercícios multimodais, 3 vezes por semana, durante 8 semanas. O exercício aeróbio, foi realizado na esteira, a parte principal teve duração de 30 minutos com velocidade de 75% - do teste de caminhada Shutle Run. Para o fortalecimento, foi realizado 8 exercícios, sendo um por grupo muscular, em 3 séries de 10 repetições, intensidade definida como 80% de 10 RM. Antes da primeira e 48h após a última sessão de exercícios, amostras de sangue foram obtidas para análises dos biomarcadores de estresse oxidativo (produção total de espécies reativas de oxigênio, ERO; capacidade antioxidante total, TAC; malondialdeído, MDA; e proteínas carboniladas), parâmetros metabólicos (glicose, GL; colesterol total, CT; triglicerídeos, TG) e parâmetros neuroendócrinos (leptina, LEP; adiponectina, ADIP; Irisina e fator neutrotrófico derivado do cérebro, BDNF). Teste de Wilcoxon ou Mann-Whitney foram usados para comparação dos grupos considerando dados não paramétricos apontados pelo teste de Shapiro-Wilk. RESULTADOS: Os resultados mostraram que o programa de exercício físico teve um efeito positivo na redução da GL (controle: 155,18 ±98,96 vs. intervenção: 103,18 ±25,16; p0,05). CONCLUSÃO: Os achados sugerem que o programa de exercícios foi eficaz na redução das taxas de glicose e colesterol, de danos oxidativos em proteínas, podendo ser uma intervenção terapêutica importante para melhorar a saúde geral em pacientes pós-COVID-19.

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