Resumo

O bairro de Itaquera, periferia de São Paulo, convive com escassas opções de prática esportiva e lazer com boa infraestrutura, equipamentos e segurança. Entretanto, a região possui desde 1992 uma unidade do SESC, instituição nacional, sem fins lucrativos, que contribui para o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Historicamente, o SESC Itaquera funcionou como um grande parque, com capacidade para receber grandes públicos, especialmente em finais de semana. Os frequentadores se deslocavam de diversas áreas da cidade com objetivo de desfrutar de um dia de lazer junto a uma grande área verde, capaz de dar vazão a essa intencionalidade. Com a criação de novas ações na instituição, a unidade percebe então uma maior apropriação por parte do público, que de maneira crescente, passou a se apropriar de modo mais permanente, em dias de semana e também aos finais de semana. O projeto arquitetônico de Eduardo de Castro Mello e Cláudio Cianciarullo tem possibilitado que a unidade funcione como um grande espaço de convivência, atualmente apoiado em uma gama de programações desenvolvidas de modo bastante descentralizado e com uma ocupação bastante territorial em todo o equipamento. O complexo do SESC está em uma área de proteção ambiental e abriga 350.000m² de área construída, contando com parque aquático, quadras poliesportivas descobertas, ginásios cobertos, salas de múltiplos usos, quadras de tênis, campos de Futebol Soçaite, quadras para esportes de praia e uma ciclovia. O complexo do Ginásio de Esportes, principal equipamento do SESC, após pouco mais de 20 anos de sua inauguração, apresentou necessidades de manutenção, com previsão de fechamento de até um ano, o que provocou a reflexão da unidade em como se organizar para este período sem este equipamento, buscando novas perspectivas e considerando apenas os espaços descobertos, tendo eles características esportivas ou não. Sob a ótica do Placemaking – um processo de planejamento, criação e gestão de espaços públicos voltado para a integração das pessoas, a equipe criou o projeto “Diver-Cidade”, cujo conceito versava sobre novas apropriações para o esporte em locais não convencionais e usos diferenciados para áreas esportivas preexistentes, com espaços acessíveis e que estimulam interações entre as pessoas e a cidade. O Projeto apresentou cinco novas possibilidades de espaços e atividades: Pista de Skate – esportes radicais; Quadra Multiesportiva – multimodalidades esportivas adaptadas em tamanho e configuração; Espaço de Ginástica Geral – voltado aos movimentos básicos, próprios da infância como saltar, correr, rolar; Piscina – esportes náuticos e modalidades olímpicas diferenciadas; Espaço Corpo em Harmonia – práticas corporais, ginásticas e danças. Desta forma, a unidade ampliou a diversidade de oferta de atividades, atendendo a públicos de todas as idades e com interesses distintos, porém convivendo juntos e tendo o esporte como meio para a integração e para a convivência. Percebemos que a criação de espaços esportivos adaptados permite maior acolhimento e vem inspirando mais pessoas à participação, tornando o espaço mais atrativo, participativo e menos hostil, principalmente para o público com menor afinidade com as práticas esportivas formais.

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