Resumo

O presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre variáveis sociodemográficas e a prática habitual de atividade física (AF) com as dimensões relacionadas à qualidade de vida (QV) de idosas vinculadas ao programa Idoso em Movimento na cidade de Curitiba, Paraná. O estudo foi composto por três artigos. Artigo 1: teve por objetivo revisar a literatura sobre a associação entre AF e QV na população idosa. A busca de material de referência foi realizada em quatro bases de dados, na lista de referências dos artigos e por meio do contato direto com autores. Foram incluídos na revisão os estudos originais que investigaram a associação entre AF e QV, publicados entre 2000 e 2010, e que incluíram indivíduos com 60 ou mais anos de idade. Foram encontrados 5.221 títulos potencialmente relevantes, sendo que 32 estudos atenderam os critérios de inclusão e foram revisados. A revisão destacou que grande parte dos estudos demonstrou uma associação positiva entre AF e a QV em idosos aparentemente saudáveis e em diferentes condições clínicas. A AF apresentou uma associação consistente (60% ou mais dos estudos) com os seguintes aspectos da QV: Capacidade Funcional, Bem-Estar Emocional, Saúde Mental e aspectos Físicos. Observa-se uma associação positiva entre AF e QV em idosos, mas parte das evidências foi obtida em estudos transversais e essa associação mostra-se moderada ou inconsistente para determinados aspectos da QV. Artigo 2: consiste em uma investigação que buscou analisar a associação entre variáveis sociodemográficas (idade, estado civil, situação ocupacional, escolaridade e classe econômica) e condições de saúde (classificação do índice de massa corporal [IMC], problemas de saúde e uso de medicamentos) com os domínios da QV em mulheres idosas. A amostra foi constituída por 1.806 mulheres (idades variando entre 60,0 e 92,7 anos), selecionadas aleatoriamente em nove regionais do município de Curitiba, Paraná. A QV e seus domínios foram avaliados utilizando-se os instrumentos WHOQOL-BREF e WHOQOL-OLD. A QV e os seus potencias correlatos foram avaliados durante entrevista com as participantes e o IMC foi calculado após aferição do peso e estatura. Os doze domínios da QV foram, em seguida, classificados em tercis. A regressão logística ordinal foi utilizada como medida de associação. A faixa etária mostrou-se diretamente associada com a QV Geral e os domínios Meio Ambiente, Autonomia e Participação Social (p<0,05). A classe econômica foi diretamente associada aos domínios Relações Sociais, Meio Ambiente e Atividades Passadas, Presentes e Futuras (p<0,05). A escolaridade da idosa permaneceu diretamente associada com os domínios Escore Geral do WHOQOL-OLD, Funcionamento do Sensório, Autonomia e Intimidade (p<0,05). A situação ocupacional foi associada com os domínios Relações Sociais e Intimidade (p<0,05). O estado civil esteve associado com os domínios Relações Sociais, Escore Geral do WHOQOL-OLD, Intimidade, Morte e Morrer (p<0,05). As idosas obesas apresentaram menor razão de chance de estar nos escores mais elevados de QV Geral e de Participação Social (p<0,05), enquanto a presença de problemas de saúde nas idosas foi associada a uma menor razão de chance de estar nos escores mais elevados de QV em todos os domínios (p<0,05). Por fim, idosas que usavam v um ou dois tipos de remédios apresentaram maior razão de chance de se situar entre os escores mais elevados do domínio Físico. (p<0,05). Fatores sociodemográficos e condições clínicas e de saúde também mostraram-se associados com a QV em idosas. Artigo 3: trata-se de uma análise acerca se o volume e a frequência semanal de atividade física moderada a vigorosa (AFMV) e de caminhada leve estão associados com domínios gerais e específicos da QV em idosas de Curitiba, Paraná. A amostra foi composta por 1.806 mulheres (60,0-92,7 anos de idade). O WHOQOLBREF e WHOQOL-OLD foram utilizados para avaliação de doze domínios da QV. A versão curta do International Physical Activity Questionnaire foi utilizada para avaliar o volume e frequência semanal de AFMV e caminhada leve. A regressão logística ordinal foi aplicada como medida de associação. Após ajustes para confundidores (idade, raça, escolaridade, classe econômica, ocupação, estado civil, estado nutricional, pressão arterial, uso regular de medicamentos e problemas de saúde), o volume semanal de AFMV e de caminhada leve esteve positiva e independentemente associado com diversos domínios da QV(p<0,05). Uma maior frequência de AFMV também esteve associada com melhores escores em dez domínios de QV (exceto Meio Ambiente e Morte e Morrer) (p<0,05). A frequência semanal de caminhada leve, por sua vez, esteve positivamente associada com todos os doze domínios da QV (p<0,05). O estímulo ao transporte ativo e a distribuição de sessões de AF em diferentes dias da semana podem ser ferramentas fundamentais na promoção de domínios gerais e específicos da QV do indivíduo idoso. A prática habitual de AF está associada a diferentes domínios da QV. Novos estudos (de intervenção e longitudinais) fazem-se necessários para confirmar essa relação. 

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