Resumo

Transversalizar as temáticas de gênero e de políticas públicas de esporte e lazer é uma tarefa necessária para a discussão das (des) igualdades de gênero na atualidade, considerando que tanto a política como o esporte e o lazer são, destacadamente, práticas sociais constituídas por/constituintes dos diferentes papeis sociais determinados para homens e mulheres. Sendo assim, realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo na Fundação Municipal de Esportes (FME) de Florianópolis, SC (Brasil) objetivando compreender como as questões de gênero estão incorporadas (ou não) nas políticas públicas de esporte e lazer desta instituição pública. Especificamente, buscou-se analisar como as questões de gênero estão contempladas nos documentos oficiais, quais as percepções dos sujeitos (dirigentes e técnicos da FME) sobre as políticas públicas de esporte e lazer que desenvolvem em relação ao gênero, e como homens e mulheres são contempladas no atendimento da Fundação. A coleta de informações deu-se a partir de entrevistas semi- estruturadas com oito funcionários e da pesquisa e análise de documentos. Os principais resultados apontam que apesar da perspectiva de gênero não ser contemplada pelos documentos legais da FME, estes apresentam princípios e medidas que favoreceriam a igualdade de gênero se fossem viabilizados na prática; os sujeitos consideram que as políticas são igualitárias, atribuindo a maior participação masculina a aspectos culturais naturalizados; ao serem desconsideradas as diferenças e diversidades concernentes ao gênero evidencia-se a organização de políticas genéricas que conformam um atendimento generificado, este pode ser percebido, por exemplo, nas diferenças dos números de atendimentos de homens e mulheres e na valorização diferenciada das modalidades e dimensões esportivas. A reduzida e frágil incorporação da perspectiva de gênero nas políticas públicas investigadas refletem, em certa medida, o novo paradigma biopolítico de governo. 

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